"És como a noiva de Arraiolos!" diz-se no Alentejo quando alguém demora a arranjar-se mais do que o devido. Porquê? Pois há muitos anos, vivia em Arraiolos uma rapariga cristã que ficou noiva de um jovem fidalgo. Ora no dia do casamento, a vila calhou ser atacada pelos mouros. Assim, como eram precisos todos os homens a combater, a cerimónia foi adiada. Vencidos os mouros, estes foram perseguidos pelos guerreiros de todas as terras alentejanas. Era a Reconquista, que durou alguns anos. Depois, quando o fidalgo noivo voltou da guerra, esse tempo passado, quis avançar com o casamento e mandou recado à noiva. Marcada nova cerimónia, o noivo aguardava com os seus convidados, mas ela não aparecia. Desesperavam já quando ela surgiu coberta com uma albarda! Querendo recuperar a sua beleza da juventude, não encontrou outra maneira para o fazer. E, ao que parece ninguém soube entendê-la, nem os do seu tempo nem os vindouros!
Ora que os vindouros nunca perderam de vista foi a tapeçaria de Arraiolos. E perguntando-se a sua origem, logo surge a lenda a explicar. É que, em tempos há muito passados, um casal de árabes deslocou-se a Portugal e demorou-se na vila. E apresentaram-se embrulhados em belas mantas muito trabalhadas e feitas com um ponto muito invulgar. Logo os ricos da terra arranjaram com que eles ensinassem os seus empregados o referido ponto e os respectivos desenhos. E assim se iniciou este belo artesanato alentejano!
A pouco mais de uma légua de Arraiolos fica a freguesia do Vimieiro, onde se conta a lenda dos Santos. E esta diz que S. José tinha quatro filhos - Santo António, S. Pedro, S. João e S. Gens. Porém, acontecia que os manos andavam sempre à briga entre si. E tão mal se portavam que o pai colocou cada qual em seu cabeço, de modo que eles entre si se pudessem ver, assim que ele os pudesse também ver. E a verdade é que os santinhos nunca mais andaram à briga. E a vila de Vimieiro ficou entre os quatro cabeços e protegida pelos santos!