terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
NOTÍCIA DA SEMANA
Porco bísaro de Trás-os-Montes uma raça de suínos única em Portugal
Segundo o Recenseamento Geral de Gados no Continente do reino de Portugal de 1870, a definição de bísaro é o nome que se dá nas províncias do Centro e Norte do país a uma raça de porco esgalgado, pernalto e de orelhas pendentes para distinguir do porco roliço e pernicurto do Alentejo.
São animais que chegam a atingir mais de um metro de altura e metro e meio da nuca até à raiz da cauda. Apresenta-se com pelagem preta, branca ou malhada, pele grossa e com cerdas compridas, grossas e abundantes. A cabeça é comprida e espessa, com orelhas compridas, largas e pendentes, de face pouco desenvolvida e boca grande. Apresenta ainda o pescoço comprido e, normalmente, musculado.
Entre as características, distingue-se ainda o tronco comprido, dorso arqueado, tórax alto, achatado e pouco profundo, flanco largo e pouco descido, garupa estreita descaída e pouco musculada, ventre esgalgado. O membros são compridos, ossudos e pouco musculados. As coxas são de bom comprimento e deficiente espessura por serem pouco musculadas. São descritos como animais de temperamento bastante dócil, vagarosos e com movimentos pouco graciosos. Reproduz-se muito.
A carcaça do porco bísaro tem uma proporção de músculo maior que de gordura, obtendo-se uma carne pouco atoucinhada mas muito entremeada, cujo sabor é melhorado com a alimentação a que estes animais são submetidos que é rica e variada.
Actualmente a raça distribui-se essencialmente pela região de Alfândega da Fé, Bragança, Vila Flor, Chaves, Miranda do Douro, Mogadouro, Moncorvo, Montalegre, Valpaços, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira, Vila Real, Vimioso e Vinhais, sendo neste último onde se encontram o maior número de explorações. Podem ainda ser encontradas algumas explorações no Minho, Douro Litoral e Beira Litoral.

RECEITA
Ossos de suã com couves
Prepara o osso de suã aos bocados e deixe de molho um dia para o outro. Ponha-os a cozer em água com sal. Retire os ossos e no caldo coza uma couve e à parte 500 gr de feijão-frade. Num tacho refogado de azeite, 2 cebolas às rodelas, 2 dentes de alho picados, 1 folha de louro e salsa picada e deixe alourar. Junte-lhe a couve e o feijão. Continue o refogado erectifique temperos. Sirva numa travessa os ossos com a couve e o feijão.
Diário de Notícias - 1.2.2009
sábado, 7 de fevereiro de 2009
LENDAS DE PORTUGAL - IV - SILVES

O rapaz da guitarra
Duas boas aldeias do concelho de Silves queriam constituir freguesia, mas discutiam entre si por causa da localização da sede. De um lado era Cortes e do outro Messines, não se entendendo. Mas, finalmente, lá chegaram a um acordo.
Cada uma das aldeias arranjou um cavalo e um cavaleiro, depois o das Cortes foi para Messines e o de Messines para as Cortes. À mesma hora saiu cada um deles em direcção à sua terra. No lugar em que se encontraram aí foi construída a sede da sua freguesia. E é aí que se encontra implantada S. Bartolomeu de Messines.
Agora vamos a outra lenda. Esta diz-nos que nos limites da freguesia de Messines com a freguesia de S. Marcos fica o Pego da Carriça. Pois certa noite ali passava um rapaz que levava consigo uma guitarra. Ia para uma festa qualquer. E às tantas ouviu que o chamavam. E lhe pediam que tocasse a guitarra. Julgando que era alguém a querer gozar à sua custa, achou graça e sem se importar de não ver ninguém, toca de tocar a bom tocar. E então escutou uma voz que lhe dizia: "Por mais espantoso que seja, não te admires com coisa nenhuma!"
E o que é que aconteceu? Pois viu um porco a dançar ao som da guitarra. Logo a seguir viu um touro a fazer a mesma coisa. E não tardou que se lhes juntasse uma serpente. Ele só se ria, sem perceber muito bem o que se passava.
Às tantas, a serpente saiu do pego e veio enroscar-se nas pernas dele. E ele continuou a tocar. Mas a serpente ergueu a cabeça no intuito de lhe dar um beijo. Mas o rapaz, naquele instante, soltou as cordas e disse: "Valha-me Maria Santíssima!"
A serpente desapareceu. E o touro. E o porco. E uma voz zangada disse: "Ah, ladrão, que dobraste o meu encanto! A minha irmã ia dar-te um beijo e era só o que lhe faltava para ficarmos todos desencantados..."
"O que ela queria era tirar-me os óleos no baptismo!"
"Pois, mas perdeste grandes tesouros que estavam guardados para ti!"
Sem dar mais nenhuma palavra, o rapaz meteu a guitarra debaixo do braço e foi-se embora, jurando que nunca mais voltaria a passar por ali.
Bem, já agora não saímos da freguesia. Pois em S. Bartolomeu de Messines há umas casas grandes que as pessoas dizem estarem assombradas. Pois deu-as um homem a um afilhado que para lá foi viver com a mulher. Ele trabalhava nos campos, a mulher fazia-lhe a comida e ia levar-la. Um dia atrasou-se no cozinhar e apareceu-lhe um mourinho para a ajudar durante cinco anos. Se ela deixasse, ao fim desse tempo, ele dar-lhe-ia um tesouro, que lhe mostrou. Mas seria segredo. Ora ela começou a desleixar, fiada que ia ser rica. O marido, vendo-a diferente chegou de repente a casa e ouviu-a falar. Lá confessou que era o mourinho e contou-lhe tudo. Então começou a definhar até que morreu, castigada pelo ajudante. E o viúvo, triste, foi para muito longe.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
domingo, 1 de fevereiro de 2009
NOTÍCIA DA SEMANA
BOLÍVIA - Os índios liderados por um ayamara
A Bolívia é uma nação dividida entre as ricas regiões do leste e o pobre altiplano andino.
O país que deve o nome ao herói das independências da América, Símon Bolívar (1783-1830) é
uma mescla de culturas indígenas, que representam mais de 70% da população e mantêm a sua língua e cultura próprias. Num território com mais de um milhão de quilómetros quadrados (o dobro de Espanha), vive uma minoria branca, outra de mestiços e ainda 37 grupos étnicos. Os principais são os aymaras, que representam 32% da população de 9,3 milhões de habitantes, e os quechuas (18%). Nas últimas décadas, têm vindo a ganhar representação política, de tal forma que em 2005 foi eleito o primeiro presidente indígena no país, Evo Morales, um aymara.
Até então dominados pela elite branca, herdeira dos conquistadores espanhóis que chegaram em 1524, os indígenas procuram durante o mandato de Morales acabar com a discriminação de que têm sido alvos. Em parte porque eram poucos aqueles que falavam espanhol, preferindo comunicar em quechua ou aymara (as outras línguas oficiais). A proposta de Constituição, recentemente aprovada por mais de 60% da população, destaca a importância das etnias na formação da Bolívia. Um capítulo inteiro é dedicado aos direitos dos indígenas.
Apesar da aprovação do texto, a Bolívia é um país dividido entre as ricas regiões do leste, onde abundam o gás natural e as propriedades latifundiárias, e o pobre altiplano andino, onde vive a maioria dos indígenas. Os primeiros não querem dividir as riquezas do subsolo com os segundos, que continuam a adorar Pachamama, a terra mãe, e a plantar a folha de coca que já mascavam antes da chegada dos incas (no século XV). Os conquistadores trouxeram o catolicismo, que se tornou na religião oficial (apesar de se manter a ligação aos cultos indígenas). Mas a nova Constituição estabelece um país laico.
Diário de Notícias - 31.01.2009
O país que deve o nome ao herói das independências da América, Símon Bolívar (1783-1830) é
uma mescla de culturas indígenas, que representam mais de 70% da população e mantêm a sua língua e cultura próprias. Num território com mais de um milhão de quilómetros quadrados (o dobro de Espanha), vive uma minoria branca, outra de mestiços e ainda 37 grupos étnicos. Os principais são os aymaras, que representam 32% da população de 9,3 milhões de habitantes, e os quechuas (18%). Nas últimas décadas, têm vindo a ganhar representação política, de tal forma que em 2005 foi eleito o primeiro presidente indígena no país, Evo Morales, um aymara.
Até então dominados pela elite branca, herdeira dos conquistadores espanhóis que chegaram em 1524, os indígenas procuram durante o mandato de Morales acabar com a discriminação de que têm sido alvos. Em parte porque eram poucos aqueles que falavam espanhol, preferindo comunicar em quechua ou aymara (as outras línguas oficiais). A proposta de Constituição, recentemente aprovada por mais de 60% da população, destaca a importância das etnias na formação da Bolívia. Um capítulo inteiro é dedicado aos direitos dos indígenas.
Apesar da aprovação do texto, a Bolívia é um país dividido entre as ricas regiões do leste, onde abundam o gás natural e as propriedades latifundiárias, e o pobre altiplano andino, onde vive a maioria dos indígenas. Os primeiros não querem dividir as riquezas do subsolo com os segundos, que continuam a adorar Pachamama, a terra mãe, e a plantar a folha de coca que já mascavam antes da chegada dos incas (no século XV). Os conquistadores trouxeram o catolicismo, que se tornou na religião oficial (apesar de se manter a ligação aos cultos indígenas). Mas a nova Constituição estabelece um país laico.
Diário de Notícias - 31.01.2009
Tradição: O culto à Pachamama, a terra mãe, é mantido pela maioria indígena. Essas tradições são seguidas pelo Presidente Evo Morales (segunda à esquerda), um índio aymara. Antes de tomar posse, fez questão de organizar uma cerimónia para pedir a aprovação dos deuses.
Folha de coca: Ainda os incas não tinham chegado ao território que hoje é a Bolívia e já se plantava a folha de coca. Os indígenas mascam-na para combater o cansaço.

Referendo: Mais de 60% dos eleitores aprovaram há uma semana a nova Constituição, que prevê mais direitos para os indígenas e dá ao Estado o controlo sobre os recursos naturais da terra.
Presidente: Evo Morales, um índio aymara, foi eleito em finais de 2005.
domingo, 25 de janeiro de 2009
NOTÍCIA DA SEMANA

Plataforma de gelo está em risco de colapso
Recuo do gelo está ligado a alterações climáticas globais
Uma gigantesca placa de gelo na Antárctida está à beira do colapso, revelaram peritos da British Antarctic Survey (BAS), que seguem o fenómeno. A gigantesca massa de gelo, denominada plataforma Wilkins, diminuiu de tal forma neste verão (no hemisfério sul) que ficou presa de forma precária entre duas ilhas. Uma fenda profunda está a formar-se e apenas uma estreita faixa mais sólida, com 500 metros, impede que a placa de 40 quilómetros de comprimento se liberte no mar.
Um pedaço mais pequeno de 100 quilómetros quadrados já se desprendeu. A destruição destas plataformas (que são flutuantes) não terá efeito directo na subida do nível dos oceanos. No entanto, existe o perigo de ser acelerado o processo de colapso de glaciares de maior dimensão, que assentam no continente.
A plataforma Wilkins tem um total de 13 mil quilómetros quadrados de superfície e forma rectangular. Quando foi baptizada, em 1929, tinha mais de 16 mil quilómetros quadrados. O seu colapso começou nos anos 90. Esta massa situa-se sensivelmente a meio da Península Antárctida, presa à ilha Alexander. (Esta península é uma língua de terra, pontuada por ilhas, que se distingue da massa sensivelmente redonda da Antárctida, continente coberto por quilómetros de gelo).
O alerta de colapso iminente foi dado pelo glaciologista Ted Scambos, da Universidade de Colorado, que desencadeou a investigação aérea dos ingleses. Segundo David Vaughan, da BAS, a plataforma Wilkins está "presa por um fio".
Vaughan esperava este desenvolvimento e, nos anos 90, previu que a Wilkins poderia desaparecer num prazo de 30 anos, caso prosseguissem as tendências de aumento das temperaturas. "Esta é a maior plataforma da Península Antárctida a estar sob ameaça, mas não esperava que as coisas acontecessem tão depressa", explicou o perito britânico, citado no site da BAS.
As plataformas de gelo existem há pelo menos dez mil anos, mas nas últimas cinco décadas perderam pelo menos 25 mil quilómetros quadrados, num total de nove plataformas. O caso mais famoso foi o colapso da Larsen B, também na península, em 2002. Entre Janeiro e Março, desintegraram-se os 3250 quilómetros quadrados de gelo desta placa, que em certos pontos tinha 220 metros de espessura.O fenómeno está intimamente ligado ao aumento das temperaturas, que na Península Antárctida terão atingido 3 graus centígrados no último meio século, ritmo superior a meio grau por década.
O aquecimento especialmente rápido nesta região é considerado uma das provas das mudanças climáticas globais, por sua vez consequência do aumento da proporção da Terra. A Antárctida e o oceano à sua volta têm enorme importância na estabilidade do sistema de clima mundial e o continente é um vasto laboratório congelado.

Mudança de clima é mais visível no oceano sul.
As mudanças de clima estão ligadas ao aumento de gases de efeito de estufa, nomeadamente ao teor de dióxido de carbono atmosférico. Este fenómeno está ligado a actividades humanas. Antes da industrialização, a atmosfera do planeta tinha uma concentração de dióxido de carbono igual a 289 partes por milhão. E, 1958, a concentração atingira 315 partes por milhão. O valor do ano passado era de 383. Na Antárctida, as mudanças climáticas são dez vezes mais fortes do que na média do planeta. No oceano sul, a força dos ventos aumentou 15% desde 1980 e a temperatura da água subiu pelo menos um grau centígrado. Estas mudanças têm um efeito dramático sobre as plataformas de gelo, destruindo a sua coesão.
Diário de Notícias 21.01.2009
domingo, 18 de janeiro de 2009
NOTÍCIA DA SEMANA
Professora do Ano na Austrália é de Barcelos
A emigrante tem 49 anos e há 20 ensina História e Geografia
A emigrante tem 49 anos e há 20 ensina História e Geografia
A dedicação aos alunos é o "segredo do sucesso" da portuguesa Rosinda Seabra, Professora do Ano na Austrália Ocidental, que tirou a carta de condução de veículos de passageiros para os levar a visitas de estudo. "Tenho muito interesse pelos alunos. Todos são importantes. Como disse uma aluna: posso ter todos os problemas que tiver, mas tenho sempre tempo para os alunos", disse Rosinda Seabra por telefone à Lusa, a partir de Perth, onde reside.
Natural de São Romão da Ucha, Barcelos, Rosinda Seabra, 49 anos, saiu de Portugal aos quatro para ir para Moçambique. Seguiu depois com os pais para o Zimbabwe, onde esteve 10 anos, e estabeleceu-se há 31 na Austrália.
A leccionar História e Geografia há 20 anos, Rosinda Seabra defende que "ser professora envolve mais do que estar numa sala a ensinar" e que "não é uma professora com horário das 9.00 às 17.00".
"Eu envolvo-me com os alunos. Quero que façam o melhor que possam. Quem quer ser alguém, eu faço tudo para que alcance os seus sonhos", sublinhou.
E é essa sua dedicação que considera estar na base da boa relação que mantém com os alunos, mesmo quando deixam de o ser, e que a levaram a integrar o lote dos 160 docentes nomeados para o prémio de Professor do Ano.
Depois de vários selecções, Rosinda Seabra soube, em Dezembro, que tinha sido considerada Professora do Ano na Austrália Ocidental.
Se tivesse ficado em Portugal, Rosinda Seabra considera que não teria tido tanto sucesso como na Austrália. "De nenhuma maneira. Tenho primos e primas que queriam estudar e não tiveram essa possibilidade. Pelo que percebo, não era possível".
A dar aulas aos 11º e 12º anos na Escola Secundária de Hamilton Senior, em Perth, foi o seu empenho pelos alunos que a levou, há 10 anos, a tirar a carta de condução de veículos de passageiros. "Tirei a carta para conduzir autocarros para os levar nas visitas de estudo", contou à Lusa.
Rosinda Seabra disse ainda, que todos os anos tem alunos lusos nas suas aulas. "É raro o ano em que não tenho alunos portugueses. Aqui vivem muitos portugueses. Cinco a 10% dos nossos alunos são portugueses".
Este ano, Rosinda Seabra vai estar parada para descansar. "Foi uma decisão que tomei há cinco anos. Como este é o ano em que faço 50 anos, achei que era uma prenda boa para mim", explicou. Depois, pretende dar aulas por mais 10 anos, pelo menos.
"Não posso imaginar a minha vida sem alunos. Quase todos me telefonaram a dar as notas que tinham recebido. Para já, ainda tenho aquele entusiasmo pelo ensino", disse.
Prémio de 51 mil Euro
O título de melhor professora da Austrália Ocidental valeu a Rosinda Seabra um prémio de 100 mil dólares australianos (51 mil Euro). A portuguesa confessa que o dinheiro é importante, mas ressalva que o melhor de tudo é o "reconhecimento" que traz ao seu trabalho.
"Para a escola também foi importante. Desde que ganhei o prémio, já mais pais inscreveram os filhos na escola. Quantos mais alunos, mais dinheiro recebemos e melhor os podemos ensinar", acrescentou.
Diário de Notícias - 12.01.2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
LENDAS DE PORTUGAL - III - PORTO
Os tripeiros e Pedro Sem
Ramalho Ortigão, no tomo inicial de As Farpas, declara: No fundo das suas convicções políticas e sociais, o portuense é verdadeiramente patuleia... gloria-se de ser tripeiro e articula esta palavra rijamente. Então. os portuenses têm orgulho na alcunha de tripeiros? Ora porquê? Por duas razões, mediando entre elas nada menos que 31 anos. Parece misterioso, mas recuemos a 1384, quando Rui pereiras organiza no Porto uma armada de 17 naus e 17 galés e ruma a Lisboa, para acabar com o cerco dos castelhanos e acudir a uma população faminta. A armada levava não só marinheiros e soldados como mantimentos. Praticamente toda a carne que havia entre muralhas no Porto, que os da velha cidade entenderam contentar as suas mesas à conta das tripas, que cozinhavam com feijões. O resto das carnes apareceu só quando se estabilizou a vida nacional. Os portuenses ganharam o gosto às tripas e uma comida de emergência tomou-se um petisco e um prato de substância. Aliás, só os estômagos fracos e sensibilidades exageradas afastam o prato. E o tom pejorativo da alcunha apareceu já em fase de calmia histórica, digamos assim.
A segunda e decisiva vez já foi em 1415. Os calafates da beira-rio trabalhavam rijamente na aparelhagem de mais umas quantas naus e multiplicavam-se os boatos sobre o destino das mesmas. Que eram uns príncipes que iam casar a Nápoles, que era o rei João apontado a visitar a terra Santa, que a princesa assim, que não se sabia mais quê. Boataria.
A segunda e decisiva vez já foi em 1415. Os calafates da beira-rio trabalhavam rijamente na aparelhagem de mais umas quantas naus e multiplicavam-se os boatos sobre o destino das mesmas. Que eram uns príncipes que iam casar a Nápoles, que era o rei João apontado a visitar a terra Santa, que a princesa assim, que não se sabia mais quê. Boataria.
À maneira, como convinha. Até que o jovem Infante D. Henrique manda chamar o seu fiel Mestre Simão, que dirigia os estaleiros. Pedindo-lhe o máximo sigilo, confiou o infante ao seu velho amigo que essas naus em construção se destinavam à conquista de Ceuta. Mestre Simão, que já participara na armada que libertara Lisboa, sabia que o que se pedia não era apenas o cumprimento de prazos na entrega das embarcações, era o próprio abastecimento. E de novo o Porto se comprometeu a voltar a comer tripas por obrigação. E o epíteto, muitas vezes incompreendido para os de fora e para alguns de dentro, tornou-se uma medalha de patriotismo.
Bem, mas uns escrevem com S outros com C, mas será com S. Pedro Sem e não Pedro Cem. O homem vivia naquela torre hoje adossada ao antigo paço episcopal. Era rica, usurário e tinha pena de não ser nobre. Mas um dia arranjou um expediente através de um nobre arruinado a quem saldaria a dívida se o outro lhe desse a filha em casamento. Deu, seja: vendeu-a assim. E em plena boda, num belo dia de sol, foi anunciado a chegada dos seus barcos vindos do oriente, carregados de riquezas. Pedro levou os convidados à varanda para verem chegar as suas naus à foz do Douro. E suspirou quem Deus o poderia empobrecer. Naquele instante produziu-se uma tempestade tamanha que estragou a festa. Os barcos, um a um, afundaram-se. E toda a gente fugiu de ao pé dele, assustadíssima.
Reconheceram-no, tempos depois, mendigando pelas ruas da antiga baixa portuense, estendendo a mão à caridade pública:
- Uma esmolinha para o Pedro Sem que já teve muito e agora nada tem! -

terça-feira, 13 de janeiro de 2009
VIOLETA SELVAGEM

Nome científico: Viola odorata
Nome comum: Viola
Nomes populares: Viola, Violeta
Habitat: Prados, campos, terrenos baldios, beira de estradas e caminhos, locais sombrios e húmidos
Família: Violaceae
Origem: Europa
História: Os antigos gregos consideravam a Violeta um símbolo de fertilidade e amor, utilizando-a em poções de amor. Muito conhecida desde a antiguidade, tendo sido muito utilizada para fins medicinais. Começou a ser utilizada desde 1829 na Homeopatia, pelo médico alemão M. Stapft no tratamento de sinusite e reumatismo.
Descrição: Planta herbácea, perene, com caules curtos, ramificados, de cor verde escuro, de porte erecto a prostrado, em tufos, podendo atingir uma altura de 10 - 30 cm. A Viola é uma planta rizomatosa, que se expande rapidamente por estolhos, proporcionando uma boa cobertura para o solo e locais sombrios, crescendo por vezes como uma erva daninha. As folhas da Viola ou Violeta são em forma de coração, ovais a arredondadas, com pecíolo grande, lisas, por vezes ligeiramente dentadas nas margens, de cor verde-escuro, com nervuras marcantes, crescendo em forma de roseta na base da planta. Têm um tamanho de cerca de 2,5 - 5 cm. As flores de Viola ou Violeta são perfumadas, singelas, com 5 pétalas, com cores desde o branco, violeta, azul. lilás, com cerca de 2 - 4 cm de tamanho.
Nome comum: Viola
Nomes populares: Viola, Violeta
Habitat: Prados, campos, terrenos baldios, beira de estradas e caminhos, locais sombrios e húmidos
Família: Violaceae
Origem: Europa
História: Os antigos gregos consideravam a Violeta um símbolo de fertilidade e amor, utilizando-a em poções de amor. Muito conhecida desde a antiguidade, tendo sido muito utilizada para fins medicinais. Começou a ser utilizada desde 1829 na Homeopatia, pelo médico alemão M. Stapft no tratamento de sinusite e reumatismo.
Descrição: Planta herbácea, perene, com caules curtos, ramificados, de cor verde escuro, de porte erecto a prostrado, em tufos, podendo atingir uma altura de 10 - 30 cm. A Viola é uma planta rizomatosa, que se expande rapidamente por estolhos, proporcionando uma boa cobertura para o solo e locais sombrios, crescendo por vezes como uma erva daninha. As folhas da Viola ou Violeta são em forma de coração, ovais a arredondadas, com pecíolo grande, lisas, por vezes ligeiramente dentadas nas margens, de cor verde-escuro, com nervuras marcantes, crescendo em forma de roseta na base da planta. Têm um tamanho de cerca de 2,5 - 5 cm. As flores de Viola ou Violeta são perfumadas, singelas, com 5 pétalas, com cores desde o branco, violeta, azul. lilás, com cerca de 2 - 4 cm de tamanho.

domingo, 11 de janeiro de 2009
NOTÍCIA DA SEMANA
Leitores da revista Visão elegem Nélson Évora e Obama

Nélson Évora e Barack Obama foram as figuras eleitas pelos leitores da Visão as personalidades mais marcantes de 2008, a nível nacional e internacional, respectivamente. Numa votação que decorreu durante a segunda quinzena de Dezembro, em www.vsao.pt, o campeão olímpico obteve 63,9% dos votos, deixando para trás José Sócrates e Cristiano Ronaldo. Já o Presidente eleito dos EUA alcançou uma vitória esmagadora sobre Nicolas Sarkozy e Sarah Palin. Saiba tudo sobre as escolhas dos leitores da Visão em www.visao.pt. Veja que acontecimentos foram eleitos os mais marcantes de 2008 e comente os resultados da votação.
Visão Nº 827


domingo, 4 de janeiro de 2009
domingo, 28 de dezembro de 2008
NOTÍCIA DA SEMANA

ALGARVE - Burro abandonado recupera no Algarve e já "percebe" inglês
"Branquinha" tem 30 anos e foi salvo por um britânico que o acolheu numa quinta.
Animais são abandonados junto ao portão
Falta de civismo. Só no ano passado, acolheram 222 burros, cães e gatos. Animais doentes são deixados como lixo.
Refúgio funciona há 20 anos
"Branquinha" tem 30 anos e foi salvo por um britânico que o acolheu numa quinta.
Dócil, de pêlo branco, com 30 anos, 150 quilos e a ganhar apetite, e a conviver da melhor forma com outros animais sem estranhar a mudança de ambiente e o sol do Algarve. É este o breve perfil do Branquinha, a nova coqueluche da quinta da associação Refúgio dos Burros, localizada no sítio de S. João, em Estômbar (Lagoa), onde se encontra há cerca de um mês, após ter sido abandonado pelo dono, pastor na Serra da Estrela, por já não precisar dele para o trabalho na agricultura.
"Quando um amigo meu, residente naquela zona, me telefonou a dizer que havia um burro abandonado e que se não fosse buscar, o animal acabaria de morrer, respondi-lhe imediato 'Vou já!'. E lá fui salvá-lo. Achei-o muito bonito, embora estivesse muito magro", conta a DN o inglês Peter Lander, de 76 anos, agricultor reformado e responsável pelo Refúgio dos Burros, em funcionamento desde 1991.
"Come here", ordena-lhe, em tom meigo. Obediente, o Branquinha, que já começa a entender o idioma, dá alguns passos na pequena cerca onde está instalado com mais três burros. O novo dono passa-lhe uma mão pelo pêlo, enquanto o animal vai arrebitando as orelhas e contribuindo para que os outros se aproximem. "Estava maltratado. Agora tem comido, desde palha, cenouras e misturas de outros alimentos, até pedaços de alfarrobeiras, mas não o suficiente, além de receber assistência veterinária. É uma óptima companhia", nota Peter Lander, explicando que o Branquinha representa um encargo de 50 Euros mensais.
Chegou ao Refúgio dos Burros, em Estômbar, na madrugada de 20 de Novembro, pelas 3.30. "Como foi recebido? Estava escuro e nenhum dos outros animais o viu nessa altura. Mas não houve problemas", recorda, sorridente, o responsável daquela associação que acolhe neste momento 14 burros, 95 cães, 50 gatos, duas mulas e um cavalo. Os animais contam com a assistência de dois veterinários, um alemão e outro irlandês, residentes no concelho de Lagos.
Se, entretanto, surgir alguém interessado em adoptar o Branquinha, ou outro bicho, Peter Lander, que, contando com vários apoios, gasta 5.000 Euros por mês com a manutenção e tratamento dos animais, analisará a situação. "Só o dou a boas pessoas, que se revelem sensíveis e com condições para tratar dele. Caso contrário, ficará nesta quinta enquanto viver", avisa o inglês, que adora animais. E admite que o mais recente inquilino do Refúgio dos Burros, depois de ter sido desparasitado e encontrando-se agora a ser devidamente tratado, possa viver até aos 40 ou mais anos. Se em Portugal, os burros após serem utilizados no apoio ao meio rural acabam por ser rejeitados pelos donos, em Inglaterra, por exemplo, "são aproveitados para passeios turísticos".
Animais são abandonados junto ao portão
Falta de civismo. Só no ano passado, acolheram 222 burros, cães e gatos. Animais doentes são deixados como lixo.
Só em 2007, o Refúgio dos Burros, acolheu 14 burros, 140 cães e 68 gatos abandonados das mais diversas formas. "Há pessoas que vêm aqui durante a noite e deixam os animais junto ao portão como se isto fosse um depósito de lixo. Existem casos em que os animais estão doentes e os donos já não os querem. São precisas câmaras de vigilância para os identificar", diz, em tom crítico, Valérie Nicolas, francesa, de 36 anos, que colabora há quatro com o refúgio como voluntária.
Acabou por alojar na sua casa dois cachorros, após estes terem sido encontrados pelo proprietário da quinta, Peter Lander, numa dessas noites. "Ele ouviu barulho, levantou-se para ver o que se passava e encontrou duas cadelas bebés ainda com o cordão umbilical. Estou a cuidar delas e até lhes dou biberão", recorda, com ternura, Valérie Nicolas. "Em Portugal", acrescenta "muitas pessoas deixam as fêmeas no caixote do lixo e guardam os machos. Ou, então, matam todos os animais que têm, revelando falta de sensibilidade e, sobretudo, de educação", lamenta, apontando para o facto de existirem "muitas soluções para esterilizar gratuitamente uma cadela ou castrar um cão, essencial para evitar a reprodução". "Chegam aqui animais magoados, com fome ou muito doentes", avança.
Os responsáveis consideram "muito difícil manter a quinta", não existindo já capacidade para receber mais animais. Mas em relação aos burros é diferente, uma vez que a associação, presidida por Peter Lander, foi criada com o objectivo de os salvar. A divulgação feita em jornais portugueses e ingleses tem-lhe permitido sensibilizar pessoas com vista à adopção dos animais que vivem naquele espaço.
Refúgio funciona há 20 anos
Quando há quase 20 anos entrou em funcionamento, o Refúgio dos Burros tinha três asnos, a que se juntaram duas dezenas de cães. O número de burros entretanto ali acolhidos já atingiu as três centenas, após o que muitos deles foram adquiridos por interessados de várias zonas do país, nomeadamente Guarda e Serra da Estrela. Na quinta algarvia, o dia começa com a limpeza dos animais e dos espaços onde se encontram, enquanto a tarde é aproveitada por voluntários para passearem os cães. Com burros, cães e gatos na mesma propriedade, "às vezes há conflitos e é preciso separá-los", explica Valérie Nicolas.
Jornal Diário de Notícias 26.12.2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
SER VELHO É SER REI
Dizem que ser velho,
é ser lento, refilão, triste,
aborrecido, enfim um chato!
Mas... não.
Ser velho,
eu sei que é ser idoso, ou idosa.
Mas ser velho é ser rei!
Sim rei, porque não!
Serem velhos, ou serem idosos
como alguns gostam mais,
tem o doce sabor de viver,
é chegar onde se calhar muitos
nunca chegam.
Mas ser velho é ser dos outros,
ser solidário com a natureza,
com os mais novos, com todos,
ter mais paciência para as crianças
no seu dia, a dia.
Qual a criança que não gosta
de ter avós, que os amam.
Ser velho é isto mesmo,
é ser feliz, de pertencer aos filhos,
aos netos, aos amigos.
Ser velho é ser rei.
É ter a idade da inocência,
do saber e do amor,
do prazer de estar bem com a vida.
Saber histórias,
aquelas que a vida lhe ensinou,
ou lhe trouxe.
Ser velho é ser rei.
Sim, rei,
e ser rei, é ser maior.
É precisamente isso que o velho é,
o maior!
Ser velho é ser amigo,
ter o brilhozinho nos olhos
e dizer que ama,
mesmo que não receba nada em troca.
Ser carinhoso para tudo e para todos,
até para os animais,
ver a vida no seu hábito mais gostoso.
Ser velho,
é ter o doce sabor da vida!
sábado, 20 de dezembro de 2008
NOTÍCIA DA SEMANA

Eleição das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo
Lista evita "erro histórico" na escolha das 7 maravilhas
Está, para já, afastado o espectro da polémica na escolha das 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. "Concordámos que valia a pena evitar um erro histórico. Foi uma semana complicada mas valeu a pena", disse ontem ao DN, Luís Segadães da organização do concurso. Vinte e sete monumentos de 16 países estão, a partir de hoje, sujeitos a votação popular. Catedrais, igrejas, fortalezas, estruturas urbanas que a saga lusitana foi espalhando pelo mundo.
A nova lista foi divulgada ontem na Biblioteca Joanina, na Universidade de Coimbra. Tudo porque, a anterior, cujos bens escolhidos tinham chancela da UNESCO, foi contestada pelo catedrático da Universidade de Coimbra (UC), Pedro Dias, que justificava a necessidade de aferição de cunho científico. Mas afinal, é preciso recuar a 2006 quando na UC se realizou o primeiro encontro de países de bens patrimoniais de origem portuguesa. Nessa altura foi elaborado uma lista de monumentos. "Verificou-se posteriormente que alguns não tinham uma ligação profunda de origem portuguesa, pois, numa primeira fase, tal não se aferiu com rigor", justificou ontem o Reitor Seabra Santos. Em face disto, a organização, a New 7 Wonders Portugal, acatou a nova validação e fez outra lista, desta vez com mais cinco monumentos sujeitos à votação. "A UNESCO é uma organização política, portanto, é natural que sejam escolhidos um conjunto de monumentos com razão de oportunidade política. Sempre fiquei fascinado pela monumentalidade da presença portuguesa no mundo e sempre encontrei um mundo de afectos", disse ontem Pedro Dias, do Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras da UC. O director daquele instituto e actual Pró-Reitor, António Filipe Pimentel, asseverou que este concurso assenta agora no "rigor científico e no seu objectivo pedagógico".
Luís Segadães disse ainda que, nos escolas do ensino básico e secundário, haverá um concurso nacional que ajudará à promoção do evento.
E foi na Biblioteca Joanina, reconhecida como um exemplar raro do barroco civil português, que foi ontem anunciado um novo plano de doutoramento sobre património português no mundo na UC.
"É impossível estudar a arte portuguesa no sentido mais restrito do termo sem estudar a sua projecção pluri-continental, até porque, como se vê nesta selecção a concurso, no melhor do que Portugal fez na sua época moderna, fê-lo nos territórios da sua administração", justificou António Filipe Pimentel.
Votação começa hoje
Luís Segadães disse ainda que, nos escolas do ensino básico e secundário, haverá um concurso nacional que ajudará à promoção do evento.
E foi na Biblioteca Joanina, reconhecida como um exemplar raro do barroco civil português, que foi ontem anunciado um novo plano de doutoramento sobre património português no mundo na UC.
"É impossível estudar a arte portuguesa no sentido mais restrito do termo sem estudar a sua projecção pluri-continental, até porque, como se vê nesta selecção a concurso, no melhor do que Portugal fez na sua época moderna, fê-lo nos territórios da sua administração", justificou António Filipe Pimentel.
Votação começa hoje
A partir de hoje, até 30 de Maio de 2009, será possível votar na escolha das 7 maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Por telefone, pela Internet (http://www.7maravilhas.sapo.pt/) ou telemóvel chegarão os votos, cujos resultados serão divulgados a 10 de Junho de 2009. Cada pessoa pode votar em sete dos 27 monumentos. O site na Internet estará, segundo Luís Segadães, disponível a partir da próxima semana também em língua inglesa. Este membro do organização espera que, após a divulgação dos monumentos escolhidos, cada país possa dar ênfase a esta eleição global. Recorde-se que este evento é continuidade do conceito criado no âmbito da Declaração Oficial das Novas 7 Maravilhas do Mundo.
Jornal Diário de Notícias 13.12.2008
Jornal Diário de Notícias 13.12.2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
CASA E JARDINS DE BELVEDERE

Há cerca de dois anos quando fiz uma viagem à Irlanda, achei muito interessante, a narração da história respeitante à "Casa e Jardins de Belvedere", no percurso entre Dublin/Knock e que passo a narrar resumidamente:
"Robert Rochfort, Lord Belfield, mandou construir "Belvedere House" em1740, tendo-se tornado mais tarde conde de Belvedere e ganhou notoriedade por ter encerrado e mantido prisioneira 31 anos, no pavilhão de caça, a sua segunda mulher, Mary Molesworth, sob a acusação de uma suposta infidelidade com um cunhado."
Embora tendo ficado encantada com a propriedade que se estendia a perder de vista, sobretudo os jardins que eram maravilhosos, nunca mais consegui esquecer esta narração, ao pensar naquela rapariga, casada aos 17 anos com um homem que podia ser pai dela, por um motivo não comprovado, ficar aprisionada durante tantos anos (não foram mais porque ele faleceu).
"Robert Rochfort, Lord Belfield, mandou construir "Belvedere House" em1740, tendo-se tornado mais tarde conde de Belvedere e ganhou notoriedade por ter encerrado e mantido prisioneira 31 anos, no pavilhão de caça, a sua segunda mulher, Mary Molesworth, sob a acusação de uma suposta infidelidade com um cunhado."
Embora tendo ficado encantada com a propriedade que se estendia a perder de vista, sobretudo os jardins que eram maravilhosos, nunca mais consegui esquecer esta narração, ao pensar naquela rapariga, casada aos 17 anos com um homem que podia ser pai dela, por um motivo não comprovado, ficar aprisionada durante tantos anos (não foram mais porque ele faleceu).
Helena
LENDAS DE PORTUGAL - II - FARO
O falso juramento
De Harune o nome da terra foi a Haron, de Haron passou a Farão e só passado o século XVI é que o topónimo se estabeleceu em Faro. Pois ao tempo desta lenda ainda era Farão e o Rio Seco ainda era beneficiado com a entrada das marés. Pois estão a ver essa graciosa rapariga que está a lavar um monte de roupa fina? È a Joana, mas a roupa não é dela. A Mãe contratou lavá-la a um jovem casal de posses residente em Farão e a filha é que faz o trabalho. E como ela canta!
Canta, mas vai pensando na sua vida,. Apesar de tudo, bem lhe apetecia ser dona daquela roupa, banhar-se na límpidas águas do rio e vestir tão belos linhos. Sim, que ela tinha a noção que não era ninhuma cara feia. Vaidosamente, Joana olhou as águas. E teve um estremecimento. Havia um homem junto de si!
Joana voltou-se e encarou-o. Era jovem e bonito. Mouro, decerto era da fortaleza que havia mais em cima. Cumprimentaram-se, ela enleada. Ele gabou-lhe a voz e disse que precisava de falar-lhe, que deixasse a roupa que faltava lavar para o dia seguinte. Insistindo ela no que queria, respondeu-lhe o mouro vir ao seu chamado, o que muito a surpreendeu, pois não só não o conhecia como nem o chamara! Ele disse que gostava dela, propôs-lhe casamento e Joana sempre a dizer que não. O mouro, então, pediu-lhe que ela pensasse até ao dia seguinte, mas não trouxesse a mãe consigo, que aquilo era coisa só deles. E também, por isso mesmo, nada dissesse em casa. E lá foi ela ouvir da mãe um raspanete por não ter lavado a roupa toda. Porém, a mãe achou-a esquisita e pô-la a falar. A filha contou-lhe tudo e foi a mãe que lhe disse como ela chamara o mouro: com uma cantiga!
Cuidando do meu cuidado
Fui ao rio para lavar
Mas logo um mouro encantado
Apareceu a meu lado
Para comigo casar.
Mas porque é mouro encantado
Cristã não pode levar!
A mãe aconselhou-a a levar uma cruz e a obrigá-lo a jurar por ela. Assim se veria se ele tinha boas intenções. E a rapariga assim fez. Disposta a casar com ele, bastaria que o mouro se prestasse aquela pequena prova. Doutro modo seria o que a mãe mais temia: tratar-se-ia de um dos mouros encantados no palácio que havia por debaixo do rio...
La se encontraram os jovens no rio, logo na manhã seguinte, tal como o combinado. Ele hesitou mas acabou por estender a mão sobre a cruz e jurar que casava com ela e a amava. Porém, ao fazer isto, ouviu-se um trovão, fugiu-lhe o cavalo e ele desapareceu também para nunca mais aparecer.
Que pena, era tão bonito...
E assim se salvou Joana.
domingo, 14 de dezembro de 2008
NOTÍCIA DA SEMANA

Canal entre o Pico e o Faial é a casa de 44 golfinhos
Quando os biólogos do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores (UA) começaram a estudar os golfinhos roazes (Tursiops truncatus) na região, em 1999, a hipótese levantou-se logo. No canal imortalizado por Vitorino Nemésio, entre as ilhas do Pico e do Faial, parecia haver uma população residente. Nos últimos quatro ano a equipa do DOP, liderada pela bióloga Mónica Almeida Silva, conseguiu confirmar a suspeita e com isso demonstrou que há mesmo golfinhos açorianos. O estudo, que contou com a participação de outros cinco investigadores do DOP, foi publicado esta semana na revista científica "Marine Biology".
"Este é o primeiro trabalho a mostrar que há populações de roazes fixas na região", disse ao DN Mónica Silva, explicando que o grupo residente no canal entre o Pico e o Faial "tem 44 animais, mas é uma comunidade aberta". Ou seja, recebe a visita de muitas centenas de outros golfinhos do arquipélago, ou que estão em viagem através do oceano. Estes animais não residentes podem ficar dias, ou semanas. Chegam em busca de alimento e enquanto permanecem interagem social- e sexualmente com os indivíduos que fazem do canal a sua casa. "Descobrimos isso através de análises genéticas", adianta Mónica Silva, notando que essas interacções "mantêm uma grande diversidade genética na população de roazes do canal, o que é positivo".
O estudo mostrou aliás que, do ponto de vista genético, os golfinhos do canal são muito semelhantes aos animais oceânicos, (que não se fixam em zonas costeiras, mas vivem em viagem através do Atlântico), o que se explica pelas interacções descritas.
Estes golfinhos centram todas as suas actividades no canal, mas o estudo mostrou também que eles percorrem regularmente centenas de quilómetros em busca de alimento, o que torna a sua
área vital "três a quatro vezes maior do que as anteriormente descritas para populações costeiras". E isso também é uma novidade.
Marcas: Cada golfinho tem sinais particulares que o distinguem de todos os outros, como por exemplo a barbatana dorsal. Ela é diferente em cada animal. È assim que os cientistas os distinguem.
Jornal Diário de Notícias 6.12.2008
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
POINSÉTIA
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Euphorbiaceae
Género: Euphorbia
Espécie: E.pulcherrima
A poinsétia, também designada pelos nomes de bico-de-papagaio, rabo-de-arara e papagaio (no Brasil), cardeal, flor-do-natal, ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. O seu nome científico é Euphorbia pulcherrima, que significa "a mais bela (pulche rrima) das eufórbias".
É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas. Como é uma planta de dia curto, floresce exactamente no solstício de interno que coincide com o Natal (do hemisfério norte - o que explicaria porque essa planta não é tão identificada com o Natal no Brasil).
Efectivamente, aquilo que muitas pessoas julgam ser flores são apenas brácteas modificadas que envolvem as pseudo umbelas onde estão as pequenas flores, envolvidas por uma camada de tecido verde e uma glândula amarela que nasce apenas num dos lados da flor.
História

Vinda da América Central, mais especificamente da região de Taxco del Alarcon, a planta era denominada pelos astecas de "cuetlaxochitl". A planta era utilizada por este povo para a produção de tintas usadas na cosmética e tingimento de tecidos, além de usarem a sua seiva na produção de medicamentos contra a febre. Ainda hoje se utilizam aí as poinsétias de brácteas esbranquiçadas para a produção de cremes depilatórios, além do seu cultivo para a formação de sebes.
Terá sido talvez a partir do século XVII que a planta começa a ter um significado natalício, quando frades franciscanos começam a utilizá-la numa procissão desta quadra, designada por "Festa de Santa Pesebre". As brácteas vermelhas começaram a ser associadas simbolicamente, pela sua forma, à estrela de Belém.
Os floricultores, especialmente os da Escandinávia e da Califórnia, foram os responsáveis pela obtenção de variedades cultivares mais adaptadas à decoração doméstica, quer pelo tamanho (já que estas plantas chegam a formar arbustos ramificados que atingem 3 m de altura, principalmente se plantadas no exterior), quer pela coloração e padrão de cores presente nas brácteas. Há, assim, poinsétias cor-de-laranja, verde pálido, marmoreadas, salpicadas, etc.
O nome poinsétea (poinsettia, em inglês) deriva do nome de Joel Roberts Poinsett, que foi o primeiro embaixador dos Estados Unidos da América no México.
Impressionado pelas cores das brácteas, Poinsett enviou alguns exemplares em 1829 para a estufa de sua casa, onde se desenvolveram com facilidade. Poinsett ofereceu muitas destas plantas a amigos que também se interessavam pelo cultivo de flores, como John Bartram que, por sua vez, doou alguns pés da planta para Robert Buist, dono de um viveiro. Este último, desconhecendo o nome científico Euphorbia pulcherrima dado pelo taxonomista alemão Klotzsch em 1833, decidiu vende-la com o nome Euphorbia poinsettia.
Perigos
A seiva leitosa da planta, constituída por um tipo de látex irritante, em contacto com a pele e mucosas provoca inflamações, dor e comichão, podendo causar também irritação nos olhos, lacrimejamento, inchaço das pálpebras e dificuldades na visão. A sua ingestão pode causar náuseas, vómitos e diarreia. É falso, no entanto, que possa provocar a morte. A atribuição de propriedades letais à poinsétia terá tido origem num boato que terá começado nos Estados Unidos com a morte de uma criança de dois anos em 1919, depois de esta ter comido uma folha de poinsétia. Estudos sobre a toxicidade desta planta parecem indicar que só após a ingestão de grandes quantidades (mais de algumas centenas das suas folhas) é que a vida de alguém poderia estar em risco. A razão desta crença pode dever-se ao facto de a maioria das euforbiácias, família de que a poinsétia faz parte, serem altamente venenosas.
Lendas
Uma lenda mexicana tenta explicar a associação feita entre esta planta e o Natal.
Uma menina, de nome Pepita, não sabia o que oferecer ao menino Jesus por ocasião da missa de Natal. Não podendo adquirir uma oferta digna da sua vontade, expõe o seu problema ao seu primo, Pedro, que a acompanhava a caminho da igreja. Este consola-a e diz-lhe que é o amor com que se dá uma oferta que valoriza a mesma, especialmente aos olhos de Deus.
Pepita deixa-se convencer e vai recolhendo plantas vulgares das margens do caminho por onde passa. Quando chega à igreja, dá-se conta da pobreza da sua oferta e chora de tristeza.
Tenta, no entanto, oferecer os pálidos ramos com todo o amor da sua alma. Então, frente a toda a congregação reunida no templo, as folhas dos ramos ficam tingidos de uma cor brilhante e vermelha. O povo reunido para a eucaristia fica espantado e declara o acontecimento como um milagre.
Segundo outra versão desta lenda, as flores-do-natal irrompem do chão molhado pelas lágrimas da criança.
domingo, 7 de dezembro de 2008
NOTÍCIA DA SEMANA

Vénus e Júpiter juntam-se à Lua
Por estes dias, um fenómeno astronómico que tem tanto de raro como de belo foi possível de assinalar no céu do princípio da noite. Para quem está em Portugal Continental, olhando para sudoeste, assiste a uma conjugação dos três astros mais brilhantes do céu. Na verdade, a Lua, Júpiter e Vénus encontram-se a uma proximidade uns dos outros pouco usual, que só voltará a repetir-se em 18 de Novembro de 2052.
Durante as primeiras horas da noite, desde finais de Novembro, foi possível observar diferentes cambiantes da posição relativa dos três planetas, que vão mudando conforme a noite avança, até ao desaparecimento de Vénus que acaba ocultada pela Lua.
O fenómeno já não era observável desde Outubro de 1961. Não é que, de vez em quando, os três não se aproximem. Mas por vezes isso ocorre quando estão próximos do Sol, o que retira visibilidade à conjunção. No passado mês de Fevereiro, no continente sul-americano, foi possível observar um pouco antes da aurora um fenómeno parecido, de muito curta duração dada a imergência do astro-rei. Uma aproximação apenas entre Vénus e a Lua será visível na noite de Ano Novo.
Para além da Lua em quarto crescente, a trilogia actual -que a partir de hoje (3 de Dezembro) se vai esbatendo- mostra Vénus e Júpiter, perto da constelação de Sagitário. O mais brilhante, apesar de muito mais pequeno, é Vénus, já que se encontra a cerca de 150 milhões de quilómetros da Terra, enquanto Júpiter está a 870 milhões.
As conjugações astronómicas deste tipo facilitaram na Antiguidade as técnicas que permitiram medir o tempo e estiveram na linha da frente dos tratados de navegação. Hoje fazem as delícias de astrónomos amadores, mas não muito mais do que isso.
Segundo testemunhos recolhidos ao longo dos anos, as conjugações de astros dos mais cintilantes do céu é uma das alturas mais propícias à visão de ovnis. Mas não é só a astronomia que liga a estas coisas. Também os astrólogos estão particularmente atentos, já que a triangulação destes planetas tem, em diversos signos, influência importante. Concretizar os sonhos de um aquariano, mudar a sorte no âmbito financeiro a nativos de Sagitário ou a harmonia familiar de quem nasceu sob o signo de Balança são apenas algumas das promessas que se encontram um pouco por toda a Internet.
Jornal Diário de Notícias de 3.12.2008
sábado, 6 de dezembro de 2008
POEMA DE NATAL
História Antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Subscrever:
Comentários (Atom)