sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

LENDAS DE PORTUGAL - XLIX CANTANHEDE -

RELÍQUIA DO PÃO E QUEIJO

Querem ver como se desfaz uma lenda sobre a origem de um topónimo? Pois diz o povo que havia uma moura chamada Nhede que costumava cantar à noite.
Voz maviosíssima, uma noite passou-lhe sob as janelas um homem que não se conformava que ela se calasse sequer um breve instante e suplicava:
"Canta, Nhede! Canta, Nhede!"
Mas acontece que Cantanhede veio do latim Cantinieti (villa), isto é "(quinta) da canteira ou (pedreira) de cantaria". Cantonietum é um substantivo colectivo, tirado de cantonius e este de cantus, "pedras". Em 1807, Cantonied e Cantoniede! É assim...
Mas a freguesia de Ançã foi o espaço geográfico a que foi confinado pelo rei D. Pedro II o Marquês de Cascais. E ali passou os seus últimos dias. Ora conta a lenda que o marquês, habituado à boémia na capital, onde também tinha todos os seus negócios, resolver arranjar um expediente que lhe permitisse desobedecer - e não desobedecer - à ordem real de não abandonar a terra de Ançã. E, assim, mandou cobrir o chão da sua carruagem com a referida terra, levando mais uns sacos dela, que espalhou por todo o seu palácio.
Sabedor que o marquês se encontrava em Lisboa, o próprio rei foi-lhe pedir contas da desobediência, mas o fidalgo respondeu-lhe:
"Desde o meu desterro não deixei de calcar e pôr o pé na terra do degredo, na terra de Ançã."
Pois na porta principal da capela de S. Bento, nesta mesma Ançã, há uma inscrição cujos dizeres dizem, mais ou menos, o seguinte: Esta Santa Casa se fez de esmolas no ano de 1599, no qual havendo a peste geral em todo este reino durou por muito tempo e nesta vila por interferência do glorioso S. Bento não durou mais que vinte dias. Na verdade, a grande epidemia pestífera do século XVI devastou toda a Zona Centro. Porém, aos primeiros sinais, o povo de Ançã rezou a S. Bento, que o protegeu!
Pois em Ançã se festejam devotadamente os aniversários do seu padroeiro. E as cerimónias tinham tal demora, que os padres levavam sempre uma merenda de pão e queijo não só para seu sustento como para as crianças que, esfomeadas, assistiam. Ao longo dos tempos, tornou-se uso da festa beneditina a distribuição de pão e queijo no final  dos actos litúrgicos.
E o curioso é que este pão e queijo passou  a assumir importância de relíquia, pois muitos fiéis não o comem, antes o levam para suas casas, onde dizem se conserva anos sem apanhar bolor.
E ainda hoje, os irmãos de S. Bento, após o pagamento das suas quotas e, eventualmente, de promessas, levam para casa as já célebres relíquias de pão e queijo. Também na Mezinha de S. Sebastião, Couto de Dornelas, em Boticas, se guarda pão com a mesma crença de não criar bolor e proteger.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

HISTÓRIA DA ÁRVORE DE NATAL


Existem várias versões para a origem do costume da Árvore de Natal. Dizia-se que quando Jesus nasceu as árvores floresceram; daí que se dê destaque aos pinheiros, árvores que estão verdejantes todo o ano e simbolizam na perfeição a vida nova e de esperança.
Mas uma das histórias mais comuns remonta à primeira metade do século VIII, na Alemanha. Nessa época, o monge britânico São Bonifácio pregava um sermão sobre o Natal numa tribo alemã. Para tentar acabar com a adoração que esse povo tinha pelo carvalho, cortou uma árvore dessa espécie. Na queda, os galhos destruíram tudo em volta, com exceção de um pequeno pinheiro. O monge aproveitou o facto e afirmou que havia acontecido um milagre, pois o pinheiro simbolizava a "Árvore do Menino Jesus".
Com o passar dos anos, além de manter a tradição da árvore, os alemães começaram a enfeitá-la com chocolates, rebuçados, maçãs e papéis coloridos.
A colocação de luzes nas árvores é atribuída ao criador da reforma protestante, Martinho Lutero. Conta-se que ele passeava na floresta quando viu as luzes das estrelas atravessarem os galhos dos pinheiros. Quando chegou a casa, quis mostrar a cena aos filhos e iluminou uma árvore com velas.
No século XIX, foi a vez da Inglaterra vitoriana conhecer a Árvore de Natal. O príncipe Albert, marido da rainha Vitória, trouxe o enfeito para o Palácio Real. Filho de um nobre alemão, o príncipe cresceu ajudando a decorar pinheiros de Natal. Quando se casou, pediu à sua mulher que adotasse o costume de seu país.
N América as árvores desembarcaram em plena guerra revolucionária. Em 1804, os soldados de Fort Dearborn (agora Chigaco) montaram os pinheiros no meio das barricadas. Em 1923, o símbolo conquistou o lugar de maior prestígio dos Estados Unidos, a Casa Branca.
O então presidente Calvin Coolidge estabeleceu uma cerimónia para acender as luzes da Árvore de Natal nacional. A data, atualmente, faz parte da comemoração norte-americana da festa natalícia.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

NATAL

Natal. Nasceu Jesus. O boi e a ovelha
deram-lhe o seu alento, o seu calor.
De palha, o berço, mas também de Amor.
Desce luz, desce paz de cada telha.

Nem um carvão aceso nem centelha
de lume vivo. A dor era só dor,
até que a mão trigueira dum pastor
floriu em pão, em leite, em mel de abelha.

Natal. Nasceu Jesus. Dias de festa.
Até o cardo é hoje rosa, giesta,
até a cinza arde, como brasa.

E nós? Que vamos nós dar a Jesus?
Vamos erguer tão alto a sua Cruz
que não lhe pese mais que flor ou asa.

Fernanda de Castro

domingo, 16 de dezembro de 2012

GOLFINHOS DO SADO ACOLHEM IRMÃO EXPULSO DE "CASA"

Um golfinho costeiro foi acolhido pela população de cetáceos do estuário do Sado pela primeira vez. Desde Julho que um também roaz-corvineiro foi recebido na comunidade, onde deu entrada com várias lesões, admitindo os biólogos que tenha sido expulso do núcleo selvagem onde nasceu, pela própria mãe ou pelos adultos dominantes. O fenómeno surpreendeu os biólogos, mas este novo elemento traduz uma boa notícia para o grupo, agora formado por 29 exemplares, cuja subsistência vem sendo ameaçada, sendo a consanguinidade um dos maiores problemas com que se debatem há vários anos.
Até à data, os biólogos da Reserva Natural do Estuário do Sado (RNES) ainda só tinham assistido a esporádicas permanências de golfinhos costeiros entre a população residente. "Podem ficar, no máximo, algumas semana, mas depois regressam ao mar. Este vai em cinco meses, pelo que decidimos agora oficializar a sua integração na comunidade", avançou a bióloga do RNES Marina Sequeira, tendo a reserva optada por lhe chamar Ácala (como os romanos designavam Troia), o nome que estava guardado para a próxima cria que nascesse no Sado, a seguir Todi, que veio ao mundo em Julho.
O novo golfinho está inserido no grupo dos juvenis, aparentando ter menos de seis anos, sendo que a sua chegada ao Sado estará associada à expulsão a que foi sujeito pelo grupo onde nasceu. Os biólogos admitem ter sido a forma da própria progenitora a provocar a sua emancipação, mas também não excluem a possibilidade de os cetáceos dominantes dessa comunidade o terem repelido por se tratar de um cetáceo "mais fraco".
"Isto é normal acontecer nos animais que vivem em grupo. Mesmo na comunidade do Sado, eles não andam todos juntos", sublinha Marina Sequeira, alertando que Ácala exibe várias cicatrizes, resultantes de algumas lesões sofridas, que não inspiram cuidados. "Os do estuário também têm algumas cicatrizes, embora não sejam tão significativas".
A integração do novo elemento na comunidade á a segunda surpresa em dois anos, dado que em Novembro de 2010 a fêmea Mr. Hook, que tinha abandonado a população por um ano, regressou às origens com o filho Vitória, tudo indicando que terá acasalado com golfinho costeiro. De resto, depois do declínio que perdurou até 2005, quando existiam apenas 23 exemplares no Sado - ultrapassavam os 40 na década de 80 -os cruzamentos com costeiros são a janela de esperança. Apesar dos raros convívios entre a população residente e os congéneres costeiros, os biólogos admitem que a preservação da comunidade sadina poderá mesmo depender deste fator, como já confirmou Francisco Andrade, responsável pela equipa do Instituto do Mar (Imar), que defende que se estes acasalamentos não surgirem,o risco de extinção é grande.

RISCO DE EXTINÇÃO
Nos últimos 12 anos, nasceram 12 golfinho no Sado, cinco deles entre 2010 e 2012, dos quais dez sobreviveram, mas mesmo com a chegada de Ácala o perigo de extinção não pode ser eliminado. Dos actuais17 elementos adultos que compõem a comunidade, apenas três são jovens com capacidades reprodutivas. A poluição e o stress provocado pelas embarcações de recreio têm sido apontadas como causas do progressivo desaparecimento dos golfinhos. Uma das razões para o declínio deve-se à baixa sobrevivência dos juvenis, com uma taxa de mortalidade da ordem de 13%. A falta de adultos deu origem a uma estrutura etária instável.

DN -16.12.2012-


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Um sonho chamado: CAVIAR PORTUGUÊS

Um imigrante ucraniano e um biólogo da Universidade do Algarve estão a cumprir um sonho: fazer caviar de esturjão em Portugal. As temperaturas e a água são favoráveis.
Valery Afilov e Paulo Pedro compraram 20 exemplares de juvenis de esturjão. Desde essa altura, em 36 metro quadrados cedidos pela Universidade, testam rações e condições de crescimento.
Portugal, e o Algarve em particular, têm melhores condições do que a Rússia para a criação de esturjão. Na Rússia, podem ser necessários 20 anos para o peixe alcançar o tamanho adulto. Por cá, pode atingir 50 quilos ao fim de sete anos.
O projecto português aponta par 30 a 40 tanques com uma necessidade total de 80 metros cúbicos de água doce por dia, para viabilizar milhares de juvenis em fase de engorda.
A unidade de produção que vai ser criada no Algarve irá recorrer a quatro espécies diferentes de esturjão, as que apresentem um crescimento mais rápido: Beluga (Huso huso), russo (Acipenser gueldenstaedtii), siberiano (Acipenser baerii) e starlet (Acipenser tuthenus). O caviar deverá sair pronto a consumir, com embalagens e marcas diferentes conforme o país a que se destine.
No futuro, a equipa admite produzir também esturjão do Atlântico (Acipenser sturio), e poder inclusive contribuir para uma reintrodução da espécie nos rios portugueses uma vez que a mesma foi dada como extinta em Portugal. Há relatos dos últimos exemplares terem sido capturados no rio Guadiana, no início da década de 80. O esturjão é considerado o "dinossauro dos peixes" já que sobrevive no planeta há 100 milhões de anos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

BENAZIR BHUTTO


Eu não escolhi viver esta vida,  esta vida me escolheu.

sábado, 8 de dezembro de 2012

SOU COMO UMA ÁRVORE, EU SOU

As pessoas nascem plantas, arbustos do caminho
São auroras no horizonte,
Ervas despontando no emaranhado do destino.

Das flores saem alguns, que embelezam a vida
E assim nascem poetas w outros sábios,
Sábios dos próprios seres
Do labirinto dos saberes.

Outros são sebes, silvados silvestres,
Como encruzilhada do mundo.
Vão e vêm num rompante
Neste recanto fecundo.

Outros são restolhos da floresta
Agruras da existência,
São como pontas perdidas
Da nossa sã convivência.

Mas eu sou como uma árvore, eu sou.
Sou reto, sou de semblante duro e frio,
Mas com este aspecto não dobro
As vicissitudes do caminho.

Sou como uma árvore, eu sou.

Do brilho dos lírios das estepes,
Dos cereais da savana e sua imensidade,
Nas veredas e nos mangais
São o aflorar de prazeres
Da nossa diversidade.

Mas eu sou como uma árvore, eu sou
Trave do meu ser, oásis do meu bem-querer
Assim seja o meu desejo.

Sou como uma árvore, eu sou.

José António Monteiro

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MILEFÓLIO

Classificação científica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Achillea
Espécie: A. millefolium



O milefólio é uma planta com propriedades reconhecidas desde os tempos da guerra entre gregos e troianos.
O milefólio é conhecido pelos mais diversos nomes: desde mil-em-rama, a erva-dos-soldados ou erva-dos-golpes. No entanto, o remédio homeopático que é feito a partir desta planta recebe o nome de millefolium. É proveniente da Europa e da Ásia Ocidental, tendo preferência para crescer por prados e baldios. Nasce espontâneamente.
Ganhou a sua fama após o guerreiro Aquiles, herói grego, a ter usado para estancar as feridas dos seus soldados. Depois disso, começou a ser utilizada na Europa como tónico.



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MOÇAMBIQUE TRATA MALÁRIA COM SAL ALGARVIO

O sal do Algarve, mais precisamente de Tavira, está a contribuir para o estudo do tratamento da malária em África. Em breve haverá um medicamento disponível que terá na sua constituição este sal já detentor de vários prémios internacionais. Trata-se do Sal Artesanal e da Flor do Sal, considerados por especialistas como o "creme do Atlântico cristalizado" em salinas de argila, situadas no Parque Natural da Ria Formosa, utilizando os recursos naturais como a água do mar, a energia solar e a eólica. "Há sete ou oito anos, um professor e investigador português concluiu que o sal e a flor do sal, que se produzem há décadas nas minhas salinas poderiam contribuir como parte de um medicamento para tratar a malária. Na sequência de vários estudos e testes desenvolvidos, nomeadamente na Suíça, foi-me confirmado que os meus produtos irão ser utilizados como um dos componentes, embora em quantidade reduzida, para produzir comprimidos com vista ao tratamento daquela pandemia em África, mais concretamente em Moçambique, onde se têm registado muitos casos mortais antes da utilização do medicamento", diz o empresário Rui Francisco Neves Dias Simeão, de 72 anos. O empresário mostra-se cauteloso com a aposta na flor do sal para ajudar a tratar uma doença que tem atingido milhares de crianças naquele país. Muito embora já se conheçam os seus usos na homeopatia. "É muito um motivo de orgulho para mim poder contribuir para minorar o sofrimento de milhões de pessoas com um produto das minhas salinas", diz. A sua produção não vai aumentar em face da descoberta: a quantidade de Flor do Sal em cada comprimido para o tratamento da malária não justifica.
O sal artesanal, com uma produção anual de 1.000/1.300 toneladas, é outro dos "exlibris" das salinas daquele empresário de Tavira.
Rui Simeão vem de uma família de salineiros, desde o seu bisavô, há mais de 150 anos.
Na Biblioteca da Câmara Municipal de Tavira existem registos históricos sobre a forma como o sal era produzido 2.000 anos antes de Cristo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

IRMÃOS GRIMM - GEBRUEDER GRIMM



Em 2012 celebram-se os 200 anos da publicação do 1.º volume do livro Kinder- und Hausmärchen (Contos para as Crianças e para a Família), a famosa coleção de contos dos Irmãos Grimm, que, quase ato contínuo, teve uma imensa repercussão internacional..

Os irmãos Grimm (em alemão Brüder Grimm ou Gebrüder Grimm), Jacob (4 de janeiro de 1785 – 20 de setembro de 1863) e Wilhelm (24 de fevereiro de 1786 – 16 de dezembro de 1859), foram dois alemães que se dedicaram ao registro de várias fábulas infantis, ganhando assim grande notoriedade. Também deram grandes contribuições à língua alemã com um dicionário (O Grande Dicionário Alemão - Deutsches Wörterbuch) e estudos de linguística e folclore.

Infância e estudos

A família é originária da cidade de Hanau no estado de Hessen. Os avós e bisavós eram protestantes. Os pais, Philipp Wilhelm e Dorothea Grimm, tiveram nove filhos dos quais apenas Ferdinand, Ludwig Emil, Charlotte, Jacob e Wilhelm Karl sobreviveram. A casa onde os irmãos nasceram está localizada na antiga praça das armas da cidade de Hanau. Em janeiro de 1791, Philipp foi nomeado funcionário na sua cidade natal, Steinau, em Kinzing, onde a família instalava-se. Em 1796 o pai deles morreu com 45 anos de idade. A mãe, a fim de assegurar ao filho mais velho todas as chances de conseguir avançar na carreira jurídica, enviou os dois filhos para junto de sua tia em Kassel. Jacob frequentou a Universidade de Marburg e estudou Direito, como o pai, e seu irmão juntou-se a ele um ano depois no mesmo curso. Um dos seus professores, Friedrich Carl von Savigny, abriu sua biblioteca privada para os jovens estudantes ávidos pelo saber e amantes de Goethe e Schiller, para fazê-los descobrir os escritores românticos e os minnesang. Savigny que trabalhava em uma História do Império Romano, encaminha-se para Paris em 1804 para suas pesquisas. Em janeiro de 1805, ele convidou Jacob a ajudá-lo, o que este fez sem demora. Na qualidade de ajudante, ele se voltou durante vários meses para a literatura jurídica. Desta época data o seu afastamento de temas jurídicos. Em sua correspondência, ele fala querer apenas consagrar-se à pesquisa sobre a "magnífica literatura da Alemanha antiga".

Primeiros escritos

Os irmãos decidiram dedicar-se aos estudos de história e linguística, recolhendo diretamente da memória popular, as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas pela tradição oral.

Jacob Grimm retornou a Kassel onde entrementes sua mãe tinha vindo se instalar. No ano de 1806, Wilhelm Grimm termina seus estudos em Marburg. Eles vivem com a mãe em Kassel. Jacob consegue um cargo de secretário na escola de guerra de Kassel. A seguir às guerras napoleônicas contra a Prússia e a Rússia, que começam pouco depois da sua nomeação e que colocam Kassel sob a influência de Napoleão, a escola de guerra é reformada e ele torna-se o encarregado do abastecimento das tropas combatentes, o que o desagrada e o leva a abandonar seu posto. Wilhelm Grimm, de saúde frágil, estava na época sem emprego. Desse período nebuloso, mas que os encontra muito motivados, datam as primeiras compilações de contos e histórias que nos chegaram hoje.

Os contos mais conhecidos são, entre outros: Capuchinho Vermelho, Banca de Neve, A Bela Adormecida,
A Gata Borralheira

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

RIR É O MELHOR REMÉDIO

Uma mulher tão gorda, tão gorda um dia sofreu um toque de um motociclista. Ela adverti-o, dizendo-lhe:
"O senhor não podia ter contornado?"
O motociclista respondeu: "Eu pensei nisso, mas tive medo que acabasse a gasolina!"

terça-feira, 27 de novembro de 2012

LENDAS DE PORTUGAL - XLVIII CONSTÂNCIA -

O PELOURINHO DO MILAGRE

Pois era uma vez um senhor de terras que era do priorio. Tinha escravos e muitas vezes os mandava chicotear e enforcar. Fazia sofrer toda a gente. E assim, de uma vez em que apanhar um dos pobres homens na posse de uma laranja, acusou-o de roubo e quis logo que o enforcassem logo ali. Não lhe importava que ele tivesse apanhado a laranja para matar a sede! O escravo, vendo-se perdido, rezou quanto pôde à sua  santa protectora e seta resolveu ajudá-lo. Assim, no momento em que lhe punham a corda à volta do pescoço, a santa apareceu e disse assim:
"Não há direito que condenem um homem à morte só por ter apanhado uma laranja para matar a sua fome e sede!"
Logo a corda desapareceu e a santa, voltando-se para quem alai estava, continuou:
"E fica aqui este Pelourinho para, cada vez que o olharem, se lembrem deste e doutros momentos vergonhosos!"
Também, antes de se ir embora, deixou ali um livro com os direitos e os deveres do Homem. Quem for a Constância, passando pela Praça de Alexandre Herculano, facilmente poderá ver o Pelourinho do Milagre!

Mas o leitor quererá saber o porquê da mudança do topónimo da cabeça deste concelho. Foi Punhete e é Constância. Quantas lendas deveremos deixar-lhes? Pois há uma que diz tratar-se de uma homenagem a um grande amor. Que ao tempo das lutas liberais, o rapaz de uma família de miguelistas apaixonou-se por uma rapariga de uma família de liberais. Apesar da oposição de todos, os jovens casaram-se e foram felizes. Quis o acaso que, um dia, a rainha D. Maria visitou Punhete e hospedou-se em casa deles. Ao jantar contaram-lhe a história do seu amor. Comovida, a rainha disse:
"Devido a constância do vosso amor e à beleza desta terra, que é tão bonita e tem um nome tão feio, a partir de agora passará a chamar-se Constância."
Já em Montalvo se conta que a rainha Constança andava a passear naquela região e passou por Punhete.Os habitantes, que não andavam contentes com o topónimo. aproveitaram a presença da rainha e mudaram o nome da povoação para Constância, homenagem que ela aceitou...
Mas há ainda uma outra lenda, com um toque de macabro. Pois esta conta que no fundo de um rio de águas límpidas, havia um esqueleto a dizer adeus com a sua mão ossuda. Às tantas, o esqueleto ergueu-se, transformando-se lentamente numa linda princesa. E quando ficou completo, falou:
"Sou uma princesa encantada e chamo-me Constância."
Depois fez construir o seu palácio, que ainda hoje existe. E a vila passou a chamar-se Constância. Porém, neste caso, o leitor não se lembrará que a designação de Punhete durou mais do que a lentidão do esqueleto a erguer-se?
Mas as lendas são assim mesmo!

domingo, 25 de novembro de 2012

OTTO VON BISMARCK

Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.

domingo, 18 de novembro de 2012

O DIAMANTE DA COZINHA

A grande tentação gatronómica do outuno são as TRUFAS. Chefs de todo o mundo aguardam sua chegada e lutam para conseguir as melhores. Há milhares de anos que este fenómeno natural é apreciado pelos mais ricos e hoje chega a atingir preços exorbitantes: duzentos mil euro por uma trufa.

O que são trufas?
As trufas são um género de fungo subterrâneo, da família Tuberaceae, e crescem associadas às raízes de algumas espécies de árvores e arbustos, como carvalhos. azinheiras ou castanheiros, com as quais estabelecem uma relação de simbiose.

A colheita
É feita recorrendo a porcos ou cães (mais comum hoje em dia) que as localizam pelo cheiro. As trufas nascem a uma profundidade de vinte a quarenta centímetros. O trufeiro, especialista em recolher trufas, revolve a terra e retira-a do solo com cuidado para não a danificar. As melhores colheitas acontecem em outunos chuvosos, pois as trufas precisam de muita humidade.

Existem cerca de vinte espécies na Europa, mas as mais importantes são:
Trufa negra ou de Périgord (França) - Tuber nigrum.
Trufa negra - Tuber brumale: muito semelhante à nigrum mas de qualidade inferior.
Trufa branca - Tuber magnatum: a mais conhecida é a trufa branca de Alba (Itália)

Trufas brancas
A região de Alba (entre Milão e Turim) é  por excelência produtora das melhores trufas brancas. As que apresentam uma subtil coloração rosada são consideradas melhores, com um aroma mais marcante. São geralmente servidas em lâminas ultrafinas, em massas, risotti e mais tradicionalmente apenas com ovo, cuja simplicidade faz brilhar a qualidade da trufa.

Trufas negras
As trufas negras são mais comuns e exalam um aroma menos intenso. Têm uma superfície mais rufosa e são também mais resistentes. Mesmo assim podem atingir preços entre setecentos e dois mil euro. Ao contrário das brancas, podem ser lavadas em água.


Curiosidades
Para os gregos, a trufa era tão preciosa que quem inventasse novas receitas ganharia a cidadania.

Stanley Ho licitou 219 mil euro por uma trufa de 1,5 quilos.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CHICÓRIA

Classificação científica


Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyda
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteracea
Género: Cichorium
Espécie: C. intybus
Nome binomial:  Cichorium intybus



A Chicória-brava (Cichorium intybus), também conhecida popularmente por Chicória-do-café e Almeirão, é uma planta herbácea vivaz que pode atingir 1 m de altura muito comum nos baldios e na berma dos caminhos e estradas, em solos secos. O tom azul arroxeado das flores varia consoante a sua maior ou menor exposição ao sol.

Propriedades medicinais:


Toda a planta contém uma seiva leitosa cujo componente essencial é a inulina. A inulina actua no desenvolvimento das bactérias benéficas ao bom funcionamento intestinal, sendo muito útil na prevenção e tratamento da digestão lenta e difícil, úlceras gástricas e flatulência; pode também ajudar a reduzir os níveis de colesterol do sangue e estimula a produção de sucos gástricos incluindo a bílis, permitindo melhor funcionamento do fígado. Há séculos que se conhecem as propriedades anti-inflamatórias e anti-sépticas desta planta, tradicionalmente utilizada em emplastros para reduzir inchaços. O ácido fenólico que contém actua como diurético evitando a retenção de líquidos. Recentemente demonstrou-se que alivia as inflamações causadas pelo reumatismo e pela gota.

domingo, 4 de novembro de 2012

PEDRAS PARIDEIRAS EM AROUCA

No Geoparque Arouca é possível assistir a um fenómeno que, até hoje, é considerado único no mundo. Junto à aldeia da Castanheira, num afloramento de granito com cerca de um quilómetro de extensão, discos de pedra (chamam-se nódulos biotíticos) soltam-se de rochas de granito, como se delas nascessem. São as pedras parideiras. A área, integrada na rede de Geoparques da Europa, ganha hoje nova dignidade, com a inauguração da Casa das Pedras Parideiras, mesmo no meio da serra da Freita. Uma área dedicada ao estudo científico do fenómeno e ao turismo que procurará dar ainda mais relevo a este fenómeno único.
Alexandra Paz, geóloga do Geoparque Arouca, explica que "este é um processo que se prolonga por milhares de anos" e que acabou por dar origem, na localidade, ao termo pelo qual as rochas são conhecidas. Os nódulos têm um núcleo de quartzo revestido a feldspato, moscovite e biotite, também conhecida por mica preta, como a generalidade da rochas. Contudo, na Castanheira é a biotite que predomina no exterior dessas formações rochosas, o que permite identificar logo à partida quais as rochas que se vão desprender do granito mãe. Nódulos cuja dimensão varia entre um e 12 centímetros.

Basicamente, explica a geóloga, os nódulos soltem-se devido  à erosão de granito mãe e às condições climatéricas da região. "No verão, os nódulos, por serem pretos, absorvem mais calor do que o granito onde se encontram e dilatam. No inverno, nos dias mais frios,a água que escorre na rocha acaba por se alojar sempre entre o granito e o nódulo e, quando gela, acaba por funcionar como cunha", frisa Alexandra Paz.
O que deu origem a estes nódulos, refere a geóloga, ainda não é consensual na comunidade científica internacional. "Há uma tese que defende que são o resultado de diferentes solicitações do magma no tempo em que se formaram os supercontinentes", explica. Outra tese defende que os nódulos se encontram "separados" do granito "por se terem formado bolhas de ar em seu torno quando a rocha granítica solidificava". Certo é que este fenómeno tem gerado o interesse de inúmeros cientistas de todo o mundo.


Orçada em cerca de 190 mil  euros, a intervenção no Geoparque de Arouca foi financiada em cerca de 60% pelo programa Proder. Com a recuperação do palheiro que deu origem à Casa das Pedras Parideiras, os visitantes do Geoparque podem assistir a um vídeo que ajuda a perceber o fenómeno que ali se verifica, bem como visitarem os dois espaços de observação - um coberto, outro a céu aberto - das formações rochosas.
A autarquia acredita que, com este novo espaço, será possível preservar de forma mais eficiente este espaço único. Ao mesmo tempo que se oferecem melhores condições cerca de 20 mil pessoas que, anualmente, se deslocam a Arouca para observar as rochas parideiras.

-DN 3.11.2012-

terça-feira, 30 de outubro de 2012

LENDAS DE PORTUGAL - XLVII AVIS -

A CORRENTE DE OURO

A lenda é da freguesia de Benavila que, ao tempo do que se conta, era Boena Vila. D. Dinis deu-lhe foral em 1296, chegou a ter castelo, mas hoje nada se sabe dele. Pois ali viviam duas famílias rivais, o espanhol González Butrón e o português Pedro de Miranda. Este era casado com uma senhora da casa de Guevara, de quem tinha uma filha, a bela Madalena. Os chefes de ambas as famílias evitaram encontrar-se, mas sabiam que uma delas teria de abandonar a região. Por isso, Pedro de Miranda mandou dizer ao inimigo que sendo Avis terra portuguesa, ele é que teria de ceder. Furioso, Butrón decidiu mudar o ruma das coisas.
Mas, com doze anos. Madalena estava apaixonada por José, um pastor de 15 anos, de família com posses. Amavam-se em segredo. Ora numa tarde em que ambos tinham planeado encontrar-se, o rapaz apareceu afogueado, a querer saber do paradeiro de Miranda, pois soubera de uma cilada que, junto a uma ponte, lhe montara o Butrón. E lá foi ao encontro do pai da Madalena. Preveniu-o, mas Miranda desconfiou, mandando verificar. Não tardou a confirmá-la e ficou muito agradecido ao moço pastor, compensando-o com uma corrente de ouro. Embora José nada quisesse aceitar, disse-lhe que se precisasse dele, bastaria mostrar aquela corrente.
Passados tempos, Butrón mudou-se com os seus para Espanha e um sobrinho de Miranda veio viver para as vizinhanças dos seus parentes. Logo Miranda pensou em casar a filha com o primo, mas Madalena continuava amar José, que viera alferes dos campos da guerra. O confessor da rapariga ajudou-a, fazendo com que o bispo não consentisse no casamento por serem parentes próximos. Porém, de ânimo exaltado, o primo decidiu forçar Madalena no seu próprio quarto, numa daquelas noites. Entrando-lhe no quarto por meio de chave falsa, a situação que criaria obrigaria ao casamento. Só que José tinha quem o informasse de tudo e na noite marcada pelo sobrinho de Miranda, conseguiu entrar no quarto da Madalena primeiro que o primo dela. Contou-lhe o que se passava e convidou-a a acompanhá-lo, que a levaria para um convento, onde tratariam depois do casamento. E ambos desciam pela corda ao mesmo tempo que o primo entrava no quarto. Apercebendo-se da fuga, cortou a corda e os dois namorados caíram de grande altura, encontrando a morte no embate dos seus corpos nos rochedos.

O primo saiu do quarto, mas nas escadas deu de caras com Pedro de Miranda que quis saber o que é que ele fazia ali, mas ele respondeu-lhe evasivamente e fugiu. Logo depois, no quarto da Madalena, Miranda percebeu o que se passara. Quis ver quem era que queria fugir-lhe com a filha e viu o cadáver de José, que reconheceu apenas pelo cordão de ouro. Sensibilizado por tão grande amor, Pedro de Miranda mandou erguer uma cruz no lugar em que caíram os namorados, com a inscrição: Madalena e José. Rezem um Padre Nosso pelas suas almas.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

ANTÁRTIDA - A DERRADEIRA CONQUISTA DO LUGAR MAIS FRIO DO PLANETA

Aos 68 anos, vai esquiar mais de 3800 quilómetros numa viagem para durar seis meses, atravessando peça primeira vez a Antártida de costa a costa no inverno polar, a maior parte do trajeto na mais profunda escuridão e sujeito a temperaturas médias entre os menos 4o e os menos 55 graus Celsius, mas que podem chegar aos 80 graus abaixo do zero. É Ranulph Fiennes, considerado o mais célebre explorador vivo, autor de múltiplos feitos inscritos no Livro Guinnes da Recordes, e que pretende com a iniciativa recolher mais de 7,5 milhões de euros para o Seeing Is Believing, instituição não lucrativa que combate a cegueira no mundo.
"O importante é não pensar que estamos a ficar velhos", disse em setembro ao apresentar o projeto da expedição. Os cr´ticos afirmam que, pelo contrário, esta obsessão com a aventura e o risco é medo de não saber envelhecer.
A partida de Londres está prevista para 5 de dezembro, a bordo do quebra-gelos SA Agulhas, e o início da travessia para março de 2013 da estação russa de Novolazarevskaya. A chegada será seis meses depois à estação americana de McMurdo no extremo oposto do continente gelado. Aqui terão de permanecer até ao periódo de desgelo no início de 2014 para regressarem a Londres.

Resistência e ciência.
Embora a expedição integre mais pessoas, só Fiennes e outros cinco elementos farão a travessia - a uma média prevista de 35 quilómetros por dia, com um dia de descanso por cada três de viagem. A expedição é encabeçada por dois elementos que seguem de esquis, com uma sonda radar para detetar a presença de crateras e outros acidentes que comprometam o avanço dos tratores Caterpillar D6N, modificados. Estes transportam todo o apoio logístico necessário à expedição, mais equipamento científico fornecido pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (AEE). Várias empresas de tecnologia e de equipamentos polares entregaram produtos seus para serem testados no ambiente extremo da Antártida.
A componente científica da expedição é particularmente importante na parte da climatologia, com os seus elementos a atrevessaram áreas da Antártida nunca antes vistas pelo ser humano. Esta informação irá completar e atualizar os dados recolhidos em 2010 por um satélite da AEE.
A expedição, que manterá um bloque vídeo, é - tem de ser - autossuficiente.
Durante a maior parte do percurso só pode ser alcançada pelos mesmos meios que utiliza: os meios aéreos não são utilizáveis no inverno antártico, devido à escuridão e ao risco de congelamento do combustível.
Mesmo as comunicações não estão garantidas em todos os momentos.
Não é a primeira vez que Ranulph Fiennes percorre a Antártida. Já o fez em 1992-1993, com Michael Stround, um médico nutricionista que o  acompanhou numa travessia "sem assistência" de 97 dias - a pé. Fiennes e Stroud, apesar de um consumo médio de cinco mil a oito mil  calorias diárias, acabaram a viagem em pele e osso, com os corpos e as mentes em estado lamentável. No caso de Fiennes, teve de cortar alguns dedos da mão esquerda devido a queimaduras de frio.
Agora, 20 anos depois, o objetivo é de natureza científica, além do aspeto filantrópico. E de estudo do comportamento humano nos lugares mais agrestes do planeta. Michael Stroud caracteriza a Antártida como um lugar quase "espacial, devido à falta de luz e ao extremo isolamento". E, por isso, "um grande desafio psicológico para os exploradores", explicou na apresentação da viagem.
Ao contrário do que sucedeu com um outro inglês, Robert F. Scott, que tentou conquistar o Polo Sul e o perdeu para o norueguês Rouald Amundsen, em 1911, esta expedição foi longamente preparada e o seu equipamento testado em condições controladas e em meio adverso. Só falta começar a viagem.
Promenores: 6 elementos vão atrevessar a Antártida. 2 Vagões-habitação movidos por dois tratores (de 20 toneladas cada). 155 mil litros de combustível para baixas temperaturas. -80º C é a temperatura mínima no inverno polar. 35 km progressão média por dia.


DN -22.10.2012-

sábado, 20 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

EVITA PERÓN


Onde há uma necessidade surge um direito.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

UNIVERSIDADES SENIORES

O processo de envelhecimento não pode ser encarado de modo negativo. É, por outro lado, fazer novas descobertas.
Com a saída da vida activa, muitos idosos sente-se perdidos, sem saber como ocupar os seus dias, agora que têm as vinte e quatro horas livres, e acabem por entrar em depressão. Para evitar sentir que deixou de ser útil à sociedade, nada melhor do que ocupar-se com actividades lúdicas e educativas, que o ajudarão a socializar, combatendo o risco da solidão. As Universidades Seniores (UTI) são "a resposta socioeducativa, que visa criar e dinamizar regularmente actividades sociais, culturais, educacionais e de convívio, preferencialmente para e pelos maiores de cinquenta anos. Quando existirem actividades educativas, será em regime não formal, sem fins de certificação e no contexto da formação ao longo da vida", explica a Rede de Universidades da Terceira Idade. As Universidades Seniores, Universidades da Terceira Idade ou Academia Seniores, independentmente da denominação, são sempre um espaço privilegiado de inserção e participação social dos mais velhos. Através das várias actividades desenvolvidas pelas UTI (aulas, visitas, oficinas, blogs, revistas e jornais, grupos de música ou teatro, voluntariado, etc.), os seniores sentem utéis, activos e participativos. Procure a UTI mais perto de si e dê um novo significado à sua vida.

Notícias TV -12.10.2012-
Nota: As autoras deste blog fazem parte da Universidade a Terceira Idade (UATI) de Albufeira/Algarve. Helena é aluna de várias disciplinas e Werngard é aluna de espanhol e professora voluntária de alemão. Todas as pessoas têm aqui a oportunidade de aprender e conviver. A UATI de Albufeira, onde são leccionadas mais de 20 disciplinas, já tem uma Tuna Académica e mais dois grupos de música e um grupo de teatro.

A Tuna da UATI de Albufeira

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

RADFFLESIA ARNOLDII

Classificação científica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Rafflesiaceae
Género: Rafflesia



Rafflesia arnoldii é uma planta membro do género Rafflesia, nativa das ilhas de Sumatra e Bornéu, na Indonésia, famosa por produzir a maior flor do mundo, que pode atingir 106 cm de diâmetro e pesar até 11 kg.
A flor da Rafflesia arnoldii produz uma substância que atrai insetos, que ficam presos no liquido pegajoso permitindo que a planta se alimente deles. É popularmente conhecida como "flor-monstro", devido ao seu tamanho.
O vegetal é um parasita que sobrevive sugando nutrientes das raízes de uma árvore chamada Tetrastigma. Portanto, não possui folhas, caule, raiz, e nem realiza fotossíntese. Exala um odor semelhante a de carne podre, que atrai moscas, sendo este o inseto responsável por sua polinização.
Seu nome científico é uma homenagem a Stamford Raffles e Joseph Arnold, que descobriram a flor em 1818.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O NAVIO

Meus sonhos treparam silêncios, no mastro
daquele navio, à deriva, sozinho,
que as águas beijava, sem ter um caminho,
apenas deixando, na espuma o seu rastro.


Meus sonhos tomaram os tons de alabastro,
o fino sentir da pureza do linho,
o doce aconchego, a ternura dum ninho,
depois alcançaram o brilho dum astro.


O vento chorou com sabor a saudade,
nas velas que levam a dor que me invade
por nunca, na vida, saber o que sou...


Cintilam meus sonhos na noite que leva
bagagens perdidas no mar e na treva
que inunda o convés do navio onde estou.

Glória Marreiros



domingo, 30 de setembro de 2012

LENDAS DE PORTUGAL - XLVI OLIVEIRA DO HOSPITAL -

O CASTELO DE AVÔ

Ante as ruínas do castelo de Avô, a primeira pergunta que é: que avô? Avô de quem? Quem se lembrará que o Avô será o velho Egas Moniz, educador e conselheiro de D. Afonso Henriques? E se há um avô, decerto haverá, ao menos, um neto. Quem é este? Pois é Pedro Afonso Viegas, o neto predilecto desse tal avô. Entretanto, para conhecerem a lenda queiram fazer o favor de entrar nos aposentos de Egas Moniz. E sentem-se.
Como devem calcular, estamos no reinado de D. Afonso Henriques e Egas Moniz, que o educou, atingiu provecta idade, mas deseja confiar o seu cargo de conselheiro a assessor do rei ao melhor dos seus parentes. Por isso o mandou chamar e com ele conversa. Inclusive mete-se com ela pelos amores que tem com D. Urraca, a filha bastarda dilecta do rei. Estão bem um para o outro, precisam é de marcar casamento.
-Daqui em diante, meu neto Pedro Afonso, andarás sempre comigo.
O Jovem mostrou-se muito agradado com a decisão do avô e soube encontrar palavras para lho transmitir e o tom chegou a comover o velho aio do Fundador. Porém, em dada altura, soaram as trombetas e começou um grande alvoroço. Pedro Afonso saiu a ver o que se passava, não tardando com a mais cruenta da novidades: a mourama estava de volta!
Egas Moniz deixa de estar alquebrado e pede logo a cota de malha e a sua poderosa espada, o escudo, o cavalo. Manda montar e sair toda a tropa para dar combate ao inimigo. O velho leão, na ausência do rei, encabeça a força e sai à peleja.
Foi uma batalha dura, mas galvanizada pela presença do neto Pedro Afonso a seu lado. Queria mostrar-lhe como era e também avaliar o jovem na luta. Ficou Egas Moniz satisfeito com ambas as prestações. No calor do confronto, adiantou ao seu sucessor que a terra ali conquistada aos mouros seria a sua prenda de casamento. Mas alto foi o preço pago pelos contendores, que muitos soldados ficaram para sempre estendidos.
E, mais tarde, quando D. Pedro Afonso foi dar à notícia a sua noiva, dizendo-lhe que já tinham terra para começar a vida, prenda do avô, a jovem estava emocionada não só pela batalha travada como pelo seu amado ter escapado de ser ferido. E prometeu que iria beijar as mãos a Egas Moniz em sinal de agradecimento. Depois, confessou a Pedro Afonso Viegas que passara o tempo da refrega em oração.
-Mas, dizei-me, Pedro Afonso, meu pai e nosso rei não se oporá ao nosso casamento?
O jovem cavaleiro sorriu e respondeu-lhe que se contavam com a benção de Egas Moniz, isso queria dizer que o rei Afonso Henriques já deveria ter concordado há muito tempo. Era o sinal d amizade que tinha muitas dezenas de anos!
E se Egas Moniz construiu o castelo que passou a ser designado, em sua honra, por castelo do Avô, para vigiar as terras conquistadas, o rei mandou fazer junto dele uma igreja expressamente para o casamento da sua bela bastarda. E assim se construiu a Terra do Avô.

sábado, 29 de setembro de 2012

ÁGUA EM MARTE

O robô enviado pela Nasa para explorar o planeta Marte descobriu fortes indícios de já houve água no planeta vermelho.
O Curiosity enviou fotografias do que parece ser um antigo curso de água que entretanto secou. Os aglomerados de seixos lisos com areia são para os especialistas provas muito fortes de que já houve água em Marte.
«O formato e o tamanho dos seixos encontrados são demasiado grandes para serem transportados pelo vento e consistem com a teoria de que foram sedimentos transportados por água», explicou à BBC Rebecca Williams, do Instituto de Ciência Planetária.
O robô da NASA aterrou no planeta vermelho há sete semanas e atualmente encontra-se num local que os investigadores acreditam ser uma rede de antigos fluxos aquíferos.
As provas de que existiu água ou outra espécie de liquido em Marte aumentam as esperanças de se encontrarem provas de vida que exista ou tenha existido no planeta vermelho.



sábado, 22 de setembro de 2012

BOSQUÍMANOS-O ÚLTIMO ELO DO HOMEM DAS CAVERNAS

São os seres humanos mais próximos da nossa ascendência. Os bosquímanos, como são conhecidos, guardam segredos insondáveis sobre a origem do homem. Segundo um estudo sobre a genética na África subsariana - território no qual se acredita ter nascido o Homo sapiens moderno -, estes são os povos mais antigos do planeta e descendem diretamente do último homem das cavernas.
A ideia de que os bosquímanos são dos povos mais antigos do planeta não é nova. Nos anos 70, um investigador norte-americano já a havia defendido. O curioso é que Joseph Greenberg, então professor na Universidade de Stanford, não era um especialista em genética, mas um linguista. E foi precisamente através da linguagem daquele povo - que não conhece consoantes nem vogais - que Greenberg concluiu o que agora uma investigadora sueca reafirma.

O trabalho de Carina Schelbusch, da Universidade de Uppsala, na Suécia, recupera seis genes-chave do desenvolvimento do crânio e da anatomia humana moderna, para analisar as variantes de 220 indivíduos de 11 povoações distintas da África do Sul. Entre pontos comuns e divergentes, os resultados apontam para um intervalo de cem mil anos que separa os bosquímanos de outros povos, fazendo desta comunidade a mais antiga da evolução do pós-Homo sapiens.
Os dados recolhidos permitem concluir que os bosquímanos se separaram geneticamente de outros povos da África subsariana, apresentando diferenças assinaláveis relacionadas com o desenvolvimento do esqueleto, o crescimento das cartilagens e dos ossos e até do sistema imunológico e neurológico.
Eternizados no cinema com o filme "Os Deuses Devem Estar Loucos", os bosquímanos ainda conservam grande parte das suas raízes e tradições. Alimentam-se como o que os homens caçam - andam sempre de arco e flecha às costas, embora o veneno que utilizavam para matar as presas se tenha perdido no tempo - e sabem ler come ninguém os vestígios que os animais deixam na terra árida do deserto do Kalahari. As técnicas ancestrais permitem-lhes sobreviver num território inóspito: durante a época das chuvas armazenam a água em ovos de avestruz, que são depois desenterrados quando chega a época de seca.
Os homens do bosque - na tradução literal - ocupam o território há pelo menos cem mil anos, de acordo com a datação de carbono em pinturas feitas nas rochas.

Recentemente, um grupo de investigadores recuperou artefactos com 44 mil anos, nos quais se incluem instrumentos e armas feitas de osso e setas com veneno na ponta. Apesar disso, o seu reconhecimento legal só aconteceu em 1996. Na África do Sul existem nove mil bosquímanos reconhecidos. Somando outros países onde estão presentes, o número cresce exponencialmente para cem mil. Resta saber por quanto tempo.

DN - 22.09.2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CRISÂNTEMO

Classificação científica:

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Chrysanthemum


Chrysanthemum, de nome vulgar crisântemo (em grego χρυσνθεμο transl. Krysanthemo), é um género botânico pertencente à família Asteraceae.É uma planta de tradição de cultivo milenar nos países asiáticos .Em grego, crisântemo significa "flor de ouro". Esta planta é cultivada há mais de 2.500 anos na China e é considerado uma das plantas nobres chinesas (as outras são o bambu, a ameixeira e a orquídea). Era o distintivo oficial do exército e uma exclusividade da nobreza. Foi levado ao Japão pelos budistas. Por sua semelhança com o sol nascente, acabou por se tornar um símbolo do país, inclusive o trono do imperador era conhecido como o "Trono do Crisântemo". Existia a lenda de que uma única pétala da flor, colocada no fundo de uma taça de vinho, traria vida longa e saudável. Foi levada para o ocidente no século XVII. O nome foi-lhe atribuído por Carolus Linnaeus, combinando o prefixo grego chrys-, que significa dourado (a cor das flores originais), e -anthemon, que significa flor. Existem mais de 100 espécies e mais de 800 variedades comercializadas no mundo. Seu porte é herbáceo e geralmente de 1 metro. Sua propagação se dá por estacas em estufas e sementes, e dá flores o ano inteiro. Precisa de muita luz, porém, não suporta sol directo. Prefere clima quente e húmido.






quarta-feira, 5 de setembro de 2012

NAPOLEÃO BONAPARTE

Do sublime ao ridículo não há mais que um passo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

LENDAS DE PORTUGAL -XLV - AVEIRO -

A herança do Tio Marcos

Esta lenda é dos antigos tempos aveirenses, em que a festa de S. Pedro marcava a vida das populações dali. E começa com o Tio Marcos, tombado no seu leito de morte, segurando as mãos dos seus filhos Albino e Jorge, se prepara para a longa jornada sem regresso. Tinha-os educado no caminho da rectidão e do trabalho e queria assim se mantivessem.
"Meu querido Albino, tu és o mais velho. Não deves esquecer-te de quanto te ensinei, ouviste?"
E o filho jurou ao pai que nem um só momento esqueceria as lições recebidas.
"Respeita sempre o teu irmão, Jorge, ele é o mais velho. Gostaria que vocês fossem um nó tão apertado que ninguém o pudesse desatar!"
Comovidos, os filhos disseram ao velho que poderia confiar neles. O Tio Marcos disse-lhes que assim poderia morrer descansado mas, antes, queria entregar-lhes a herança. E de debaixo da sua almofada tirou um pequeno saco.
"Está fechado e só o abram quando estiverem verdadeiramente aflitos. Não é muito, mas é o que vos posso deixar. Guarda-o tu, Albino, mas lembra-te que isto é de ambos! É leve, mas vale uma fortuna. Mas primeiro contai com o vosso trabalho!"
E lá se foi o bom Tio Marcos. Os dois rapazes guardaram o saco e voltaram ao trabalho, que tinham bons braços para isso. E corria tudo muito bem para eles até que, um dia, chegou uma rapariga muito bonita à aldeia. Dizia-se que fugira de casa por não querer casar com o homem que o pai queria por força e ela odiava. E muitos rapazes da aldeia ficaram enamorados dela, incluindo o Albino e o Jorge. E ela a todos dava esperanças. Porém, aquela situação começou a criar problemas entre os dois irmãos, que chegaram a relaxar o próprio trabalho, além da amizade que os unia. Chegaram mesmo a discutir. Qualquer deles presumia ser o rapaz de quem ela gostava. Depois da discussão, cada um deles procurou a bela rapariga e combinou fugir com ela da aldeia logo depois das festas de S. Pedro. Um e outro se prontificou a deitar a mão ao saco, onde estava a herança do Tio Marcos. Porém, a rapariga conseguiu dar cabo da cabeça a um e a outro, sugerindo-lhes que matasse o irmão. E eles, na inconsciência da paixão, nem se lembravam das palavras amigas do pai.
Ora a noite de S. Pedro, em pleno arraial, Albino e Jorge encontraram-se frente a frente. O primeiro tinha na mão o saco da herança do Tio Marcos. Ali mesmo os irmãos engalfinharam-se. Pareciam dispostos a matar. De repente, ouviu-se uma voz: "S. Pedro, valei-me!" E o próprio S. Pedro apanhou o saco e abriu-o. Dentro estava apenas um nó apertadíssimo. Os irmãos olharam-no e caíram em si. Houve um estrondo e a rapariga por quem lutavam desfez-se em fumo. Abraçaram-se e entenderam que estiveram a ponto de ceder ao demónio tudo de bom que neles havia!

sábado, 18 de agosto de 2012

TELESCÓPIO HUBBLE CAPTOU IMAGENS DE ESTRELAS PRESTAS A COLIDIR ENTRE SI


A 170 mil anos da Terra - o que é muito, muito longe - há dois grupos gigantes de estrelas que estão prestes a colidir entre si, o que deverá proporcionar um fogo de artifício cósmico digno de se ver, quando acontecer. A descoberta foi feita por acaso em imagens do telescópio Hubble, por um grupo de astrofísicos que procurava na região das nebulosas de Magalhães e de Tarântula estrelas fugitivas dos seus berços originais. Sabe-se que há estrelas jovens que são expulsas a altas velocidades das suas "creches" de origem e a equipa de Elena Sabbi, do Instituto Científico do Telescópio Espacial, em Baltimore, nos Estados Unidos, andava à procura delas. Foi então que viu estrelas com formas alongadas, característica manifestada da mesma maneira pelas galáxias que estão em colisão. Aquela região do céu tem sido nos últimos 25 milhões de anos uma ativa fábrica de estrelas, mas esta colisão iminente deixa no ar a dúvida sobre quanto tempo mais vai a "fábrica" funcionar.

DN -18.08.2012-

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ELVIS PRESLEY - It's Now Or Never - 1960

ELVIS PRESLEY 1935 - 1977

A cidade de Memphis (Tennessee, Estados Unidos), onde viveu e morreu Elvis Presley, vai assinalar os 35 anos da morte do “rei do rock” com várias iniciativas, incluindo um concerto de tributo.


Elvis Aaron Presley morreu a 16 de agosto de 1977, aos 42 anos, na mansão Graceland, que se transformou nas últimas décadas num local de culto para os fãs do cantor.
Em Memphis, onde são esperados este ano cerca de 75 mil fãs do músico, está a decorrer a “Elvis Week” (Semana de Elvis, em português), evento que inclui várias iniciativas, como uma vigília nas imediações de Graceland e um concerto tributo.
A ex-mulher de Elvis Priscila Presley e a filha Lisa Marie Presley são as presenças mais aguardadas no concerto.
Durante o evento, vários músicos vão tocar ao vivo os grandes êxitos de Elvis, acompanhando imagens de arquivo de algumas atuações do “rei”.
“Hound Dog”, “Jailhouse Rock”, "Loving You" ou “Love Me Tender” são alguns dos temas que poderão constar no alinhamento do concerto.
Também por ocasião do 35.º aniversário da morte de Elvis, um hotel de Memphis vai promover um leilão com vários objetos pessoais do cantor, incluindo frascos de comprimidos, uma gabardina, óculos, pistolas ou um recibo de biblioteca que o artista assinou quando tinha apenas 13 anos.
Uma das peças mais valiosas e mais aguardada pelos fãs e colecionadores será uma guitarra branca que Elvis utilizou em 1950, anos antes de conhecer o sucesso.
A peça está avaliada em 7.500 dólares (cerca de seis mil euros), mas o preço base de licitação será de 9.375 dólares (cerca de 7.600 euros).
Elvis Presley nasceu a 08 de janeiro de 1935, na cidade de East Tupelo (Mississipi).
Trinta e cinco anos depois da morte do artista, continuam a existir várias teorias que defendem que Elvis Presley ainda está vivo.



sábado, 11 de agosto de 2012

ÍRIS

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Iridaceae
Género: Íris


Íris L. é um género de plantas com flor, muito apreciado pelas suas diversas espécies, que ostentam flores de cores muito vivas. São, vulgarmente, designadas como lírios, embora tal termo se aplique com mais propriedade a outro tipo de flor. É uma flor muito frequente em jardins. O termo íris é compartilhado, contudo, com outros géneros botânicos relacionados, da família Iridaceae. O termo pode ainda aplicar-se a uma subdivisão neste género.
Podemos considerar os seguintes subgéneros:
Iris: com caule subterrâneo (rizoma).
Limniris: também com rizomas.
Xiphium:  por vezes considerado como um género à parte (Xiphion), que constitui o grupo principal de íris bulbosos.
Nepalensis: por vezes considerado como o género, à parte, Junopsis; também bulboso.
Scorpiris: por vezes considerado como o género Juno; também bulboso.
Hermodactyloides: por vezes considerado como o género Iridodictyum, incluindo a pequena espécie Íris reticulada e outras semelhantes


domingo, 5 de agosto de 2012

A CHOCA

Aquela tarde, a Choca recolhera ao poleiro mais cedo do que o costume. Atrás dela, lembrando doze novelitos de ouro a mexerem-se como por milagre, os doze filhinhos tinham seguido a mãe, – e lá dentro, qual deles com mais dificuldade, um a um tinham-se encarrapitado no velho cesto de palha onde faziam a cama, aninhando-se, o melhor que puderam, debaixo da asa materna.
Eles mesmos tinham estranhado recolher tão cedo aquela tarde, os pequenitos; – mas, cá fora, o rancho das outras galinhas atribuía isso à doença da Choca, porque a pobre, com o gogo, metia dó com tamanho sofrer! Um pouco aterradas, tinham assistido havia três dias a essa operação que a Choca sofrera, e que certas delas, na grei, sabiam muito dolorosa. A pena que lhe espetara no pescoço a velha que cuidava delas, fora o mesmo que nada, – e se mal estava, pior ficara, a pobre! Ainda a trazia, essa pena, mas quase seca porque não purgava; e entretanto, sem bem lhe fazer, afligia-a como se fosse um estigma, – tanto ou mais que a própria doença...
Por isso recolhera cedo, a Choca; deixando fora, pelo terreiro, gozando ainda o seu resto de tarde, o rancho das companheiras.
Ai, eram bem felizes, essas! Pelo buraco do poleiro, sentia-as agora cacarejar, – e não tardaria que o milho do recolher, que a velha, todas as tardes, trazia para elas no seu mandil, alvoroçasse no prazer do costume, em que por via de um grão, às vezes, havia entre todas rixas alegres, o bando das companheiras...
Só ela, doente, quase já não sabia o que era comer; – e ainda essa tarde, morta de sede, invejara a gotinha de água que um ou outro dos seus pintainhos, beberricando na pia, deixava, depois de saciado, cair do biquinho como uma pérola.
Mas nem comer nem beber, ela, que era muita a gosma, e não podia! E pelo que tocava a cacarejar, nem o bastante para a ouvirem os filhos, para os admoestar, para os dirigir, – quanto mais para uma dessas tiradas que outrora lhe haviam feito, ao romper da manhã, a sua fama de cantadeira! Galos que ela apaixonara, ciúmes em que fizera arder tantas rivais, ralhos, intrigas, combates, – como tudo isso ia longe, agora! Nos bebedouros, ela mesma se namorara da sua figura esbelta, muitas vezes; – e que o não adivinhara na devoção dos galos, de tantos que a tinham amado, e que ao aclarar das manhãs, todos os dias, lhe declaravam o seu amor dos poleiros à roda,– adivinhara-o na inveja das outras, esse prestígio mágico da sua beleza...
Certo galo, sobretudo, agora já velho, – e, como ela, agora já também sem entusiasmos, dir-se-ia que o enfeitiçara; e agora mesmo, vendo-a recolher cedo com a ninhada, esse velho e trôpego apaixonado (mas belo, ainda assim, na sua justa decrepitude) não tardara a recolher-se também. Subtil, passara, sumira-se ao fundo na sombra densa; e erguendo um voo pesado, sentira-o aninhar-se onde passava as noites, numa trave a um canto do poleiro. Cansaço talvez da vida, talvez doença também, – quem lhe dizia a ela, entretanto, que ele se não recolhera por a ver recolher, por a ver doente, por um impulso de compaixão, que era agora, talvez, como a agonia do seu velho amor?!
Pelo que respeitava às companheiras, as da sua geração eram já poucas; e essas, como ela própria, mais saudosas da mocidade, do que lembradas; e quanto às novas, muitas criara-as ela, – e, sobretudo, não era já dela que tinham ciúmes...
De resto, ela mesmo era boa companheira; e tirante algum fogacho de génio por amor dos filhos, se tinha de os proteger ou se lhos ofendiam, até no comedouro era moderada e no bebedouro; – e muitos pintainhos doutras ninhadas queriam-lhe como se fosse avó, e os frangos, uma vez por outra, ela própria, de manhã, ensinava-os a cacarejar.
Ah, mas esse bom tempo ia passado! Já chocara a ninhada com pouca saúde; e surpreendendo-se, às vezes, sem paciência para aturar os filhos, ignorava se seria por isso, se por a verem talvez doente, que eles mesmos, coitadinhos, pareciam às vezes também doentes!
...Entretanto, eles tinham-se aninhado todos, o melhor que lhes fora possível, debaixo da asa materna; – e embora muito enferma, ela era feliz, ainda assim, por ter tão quentes os seus pequeninos, – e agora, por certo, todos a dormir e talvez sonhando..

Trindade Coelho







sábado, 4 de agosto de 2012

A PAZ

Se eu te pedisse a paz, o que me darias
pequeno insecto da memória de quem sou
ninho e alimento? Se eu te pedisse a paz,
a pedra do silêncio cobrindo-me de pó,
a voz limpa dos frutos, o que me darias
respiração pausada de outro corpo
sob o meu corpo?
Perdoa-me ser tão só, e falar-te ainda
do meu exílio. Perdoa-me se não te peço
a paz. Apenas pergunto: o que me darias
em troca se ta pedisse? O sol? A sabedoria?
Um cavalo de olhos verdes? Um campo de batalha
para nele gravar o teu nome junto ao meu?
Ou apenas uma faca de fogo, intranquila,
no centro do coração?
Nada te peço, nada. Visito, simplesmente,
o teu corpo de cinza. Falo de mim,
entrego-te o meu destino. E a morte vivo
só de perguntar-te: o que me darias
se te pedisse a paz
e soubesses de como a quero construída
com as matérias vivas da liberdade?

Casimiro de Brito



domingo, 29 de julho de 2012

GOLDA MEIR


O coração que não sabe chorar, também não saberá sorrir.

sábado, 28 de julho de 2012

MONA LISA

Arqueólogos italianos acreditam ter descoberto o esqueleto de Lisa Gherardini, um mistério que durou vários séculos. Os restos mortais estavam enterrados num convento.

A confirmar-se, a descoberta pode muito bem transformar-se naquelas efemérides que os jornais fazem questão de relembrar anualmente. Uma equipa de arqueólogos pode ter encontrado o corpo da mulher que inspirou Leonardo da Vinci a pintar uma das suas obras mais icónicas. Lisa Gherardini, assim se chamava a musa do sorriso enigmático, foi viver para um convento em Florença, após a morte do marido. Mais de quinhentos anos depois, um grupo de arqueólogos italianos desenterrou um esqueleto em raro estado de conservação, que acreditam pertencer à protagonista da pintura exposta no Louvre, em Paris.
"Chegámos à parte mais emocionante das investigações", disse Silvano Vinceti, chefe da equipa de arqueólogos, e especialista na resolução de mistérios relacionados com o mundo da arte. Por agora, faltam realizar testes aos restos mortais que confirmem as suspeitas dos investigadores. "Abrimos um túmulo com um esqueleto completo, o que é muito importante, porque numa primeira fase da investigação não tínhamos encontrado restos humanos, haviam sido transportados para outro local".
Vincenti, que lidera as escavações, acredita estar perto de solucionar o mistério e responder à pergunta final: "vamos ou não encontrar os restos mortais de Lisa Gherardini?" A equipa não tem dúvidas de que viveu no convento e, segundo documentos recolhidos pelos investigadores, foram as filhas a cuidar de Lisa del Giocondo, como era também conhecida, após ter ficado viúva.



DN -26.07.2012-